sexta-feira, outubro 19, 2007

que não é o que não pode ser que não é


o problema é começar. antes era fácil, antes tinha o fio da meada, uma linha reta, começo, meio, fim, pá-pum. agora é a tal da rede. que eu adoro, amo, mas fico tão fascinada que embasbaco olhando as direções todas e não sei começar. não tem começo, não tem meio, não tem fim. se joga aí e vai, neguim, ou você perde a viagem!

a rede é um monte de nozinhos interligados entre si e não há limites para a quantos nozinhos cada nozinho pode se ligar. ou como disse certa vez uma criança, não me lembro onde li isso, "a rede um monte de buraco costurado junto". ducaralho! :)

imagina um joguinho de computador. você tem que fazer as conexões possíveis. na primeira fase vai lá, devagar, junta um, junta dois, massa, quando junta dois duma vez só cê ganha um bônus e fica felizinho. aí muda de fase. junta mais de um de uma vez, cada vez mais, até juntar vários, as possibilidades só aumentam. e quando junta um já cria coisa nova pra juntar de novo. aí às vezes uma jogadinha boba que você fez, só juntando dois pontinhos, desencadeia uma juntação de coisa que você não sabe pra que lado olha, qual seqüência acompanha, e elas vão juntando, crescendo, juntando e você fica lá feito criança que descobriu que apertando aquele botão a luz acende, sabe?, só fascinado e achando lindo e querendo mostrar pra todo mundo como aquilo é legal, mágico, absurdo, perfeito e cheio de um sentido inexplicável e ao mesmo tempo inescapável!

é isso. estou abobadada no centro do vídeogame, olhando pra todos os lados, achando fantástico. o texto que li pro concurso junta com a discussão que tive com a minha tia que junta com o blog da amanda que junta com o site de lavras novas que já tinha juntado com o outro livro de antes e com um poema que vi ao acaso, que junta com o último trabalho da mamãe, que junta com um spam que eu recebi, que junta com a coleta seletiva, que junta com o fragmento de conversa que eu ouvi no ônibus, que junta com o drible do robinho e com a morte do paulo autran, assim, ao mesmo tempo, tudo ao mesmo tempo, encaixadinho, agora, e tudo isso junta ainda mais com as minhas amizades e meus amores, meus interesses, meu trabalho, minha família, minhas causas, minhas crenças, minha vida...

minha vida. que na real é só mais um pontinho juntando ininterruptamente com mais infinitos pontinhos na grande teia que não tem começo, não tem meio, não tem fim. pula daí e vem, neguim, ou você perde a hora!

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