"ora (direis) ouvir estrelas! certo
perdeste o senso!" e eu vos direi, no entanto,
que, para ouvi-las, muita vez desperto
e abro as janelas, pálido de espanto...
e conversamos toda a noite, enquanto
a via láctea, como um pálio aberto,
cintila. e, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
inda as procuro pelo céu deserto.
direis agora: "tresloucado amigo!
que conversas com elas? que sentido
tem o que dizem, quando estão contigo?"
e eu vos direi: "amai para entendê-las!
pois só quem ama pode ter ouvido
capaz de ouvir e de entender estrelas."
(olavo bilac)
[para o meu poeta maior, que há exatamente um mês parou de ouvir estrelas e se tornou uma delas.]
domingo, setembro 30, 2007
ora (direis) ouvir estrelas!
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