quinta-feira, novembro 22, 2007

Só para comparar...

(eu postei este texto ontem no votolula, mas acho que merece um repeteco aqui)

Recebi hoje, pelo grupo do MSM, entre outros bons textos, dois que me chamaram atenção por serem exemplos opostos de ética jornalística.

O primeiro é o texto da postagem anterior, "Para compreender a força de Lula", em que o professor Ladislau Dowbor traça um panorama da questão da desigualdade social e das políticas públicas praticadas pelo governo Lula, baseando-se em números oficiais, com fontes não só citadas como linkadas, ou seja: acessíveis a qualquer leitor. Mais do que despejar números, Dowbor cruza dados e os contextualiza, o que confere credibilidade e coerência ao texto.

O segundo é um post do blog Logística e Transporte, em que o autor, o engenheiro José Augusto Valente, põe abaixo, com dados, fontes e links, qualquer credibilidade ou coerência que poderia ter um artigo publicado no Estadão de hoje. Com o título Sem ferrovias, rodovias, hidrovias e portos, o festival de irresponsabilidades pinta um quadro tétrico para o futuro do Brasil, baseando-se em "fatos" do presente tais como "as estradas estão em petição de miséria", "as ferrovias praticamente não existem" e "os portos continuam reféns das Docas politizadas". Tais afirmações, ao contrário dos argumentos de Valente, não vêm acompanhadas de nem uma única pistazinha que ajude o leitor a descobrir de onde elas saíram, o que me faz deduzir que a origem das mesmas é tão somente (para não dizer outra coisa...) o sovaco da jornalista. Convido todos a lerem os dois - o artigo no Estadão e a análise do engenheiro - e tirarem suas próprias conclusões.

E ouso fazer um pedido: mesmo não encontrando de imediato uma fonte tão precisa quanto as do blog do engenheiro, mantenha sempre um pé atrás com a grande mídia. Pergunte-se sempre de onde veio aquela informação, quem disse, quando, em que contexto, é comprovável? Se o artigo contiver palavras e expressões do tipo "supostamente", "hipótese", "não-confirmado" ou "documentos guardados a sete chaves", desconfie em dobro. Não serei leviana de dizer que a mídia mente sempre, mas que é bom checar antes de comprar gato por lebre, ah, disso eu não tenho a menor dúvida!

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