domingo, dezembro 30, 2007

balanço



comecei 2007 em lavras novas, sem imaginar o ano duraria só seis meses (apesar de eu ter a nítida sensação de que ele ainda vai durar mais uns dois, só nas próximas 24h...).

em 2007, eu

– sobrevivi à entrega do tcc aos 47 do segundo tempo, em janeiro, sem imaginar que receberia meu certificado apenas uns dez dias atrás (o critério que regula as permissões para descumprimento de prazos não é muito justo com alunos). mas o que importa é que em 2007 eu me tornei uma pós-graduada (oh!);

– tirei as minhas férias para trabalhar, o que explica porque quase não me agüento de ansiedade em pensar que terei isso – FÉRIAS! – daqui a exatamente treze horas e 31 minutos;

– fiz um bocado de bons freelas, justiça seja feita. pouco descanso, mas pelo menos é um cansaço remunerado;

– descobri que é o maior barato viajar de avião a trabalho para reuniões de um dia só com passagens pagas pelo cliente;

– achei ainda mais legal quando o serviço acabou e eu vi que aquela não é minha rotina, graças a deus;

– constatei que ainda fico igualzim minino pequeno com o nariz colado na janelinha pra ver as cidades minúsculas lá detrás das nuvens (isso é lindo!);

– vivi a sensação estranha de querer chorar de raiva ao ver meu trabalho impresso, mas receber tantos elogios que acabei me questionando sobre a real vantagem de se ter um olho de designer perfeccionista quando ninguém mais enxerga aquela aberração;

– não vi o mar de perto, mais uma vez. estou prestes a completar cinco anos sem praia e isso pra uma mineira pode começar a ser motivo de sérias preocupações;

– comecei a fazer regime direito, de novo, mas algo me diz que termino o ano no zero a zero (tem uns 20 dias que ando sem coragem de encarar a balança);

– retomei este blog, para minha própria surpresa, e ele até que tá durando;

– comecei um namoro, para minha própria surpresa, e ele até que tá durando;

– continuo com essa mania de arriscar perder um amigo (ou um namorado) para não perder uma piada;

– fiz três concursos públicos, até que estudei direitinho, mas não cheguei nem perto da única vaga que sempre está lá sozinha nos concursos para a minha área;

– estou há meses esperando um aviso prévio que ainda não veio, e ainda pode vir a qualquer momento, mas inexplicavelmente eu estou bem tranqüila de que o que tiver de ser será;

– tive que tolerar e consertar tanta incompetência de gente com emprego bem melhor que o meu que pelo menos serviu pra eu me sentir mais segura da minha própria capacidade;

– parei de assistir novelas (isso é uma quebra de paradigma histórica na minha vida);

– em compensação, estou cada vez mais viciada em séries e devota ao santo padroeiro da banda larga;

– terminei de assistir "six feet under" e agora posso com propriedade juntar-me ao time dos que têm certeza de que essa é a melhor série dramática ever;

– estou no meio da nona temporada de "seinfeld" e agora posso com propriedade juntar-me ao time dos que têm certeza de que essa é a melhor série de comédia ever;

– não obstante, declaro minha paixão por gregory house, dexter morgan e jack donaghy;

– finalmente, comprei um gravador de dvd, mas ainda não sei usar direito;

– finalmente, adquiri um microondas, ainda que seu uso seja 90% pra esquentar meu café com leite de manhã;

– finalmente, troquei meu celular por um que não mais atrai a curiosidade dos adolescentes ao ver como é um celular que não tem tela colorida;

– finalmente, pintei a casa, arrumei o teto da área e troquei os varais – em julho, mas ainda não voltei com os quadros pra parede (shame on me!);

– fui à obra umas duas ou três vezes só, não sei se é só fase ou idade mesmo, mas por enquanto não tem feito muita falta não.

– em compensação, comecei a curtir mais os programas lights de buteco e papo furado com amigos;

– vi meu time cair para a segunda divisão do campeonato mineiro, ser desclassificado da série c nacional e morrer na praia na taça minas gerais, mas ainda tenho a mesma fé que o amigo da lila no projeto "yokohama 2012" (será que freud explica eu ter digitado "2112"?);

– perdi meu avô, e senti uma tristeza tão imensa que só se compara à gratidão que sinto por ter convivido com ele por 31 anos e à alegria de saber que esteja onde estiver, ele está bem e estará sempre perto de mim;

– não perdi a mania de achar que posso resolver os problemas daqueles que eu amo, e apesar de já ter evoluído bem, ainda não lido direito com a frustração que vem quando constato minha óbvia impotência diante de certas coisas;

– reforcei ainda mais minha crença em algo maior que faz toda essa bagunça ter algum sentido, mesmo que eu não consiga captá-lo ainda;

– mais uma vez comprovei que clichês não viram clichês sem uma boa razão;

– continuo não usando messenger, mas fui fisgada por outra perdeção de tempo na internet e cadastrei no facebook;

– me filiei ao movimento dos sem-mídia – e não apenas pra poder dizer que não uso a net apenas para coisas inúteis, a causa é séria e eu sempre defendi;

– conheci um bocado de gente, sites e blogs bacanas na net, e o último deles, que não posso deixar de compartilhar aqui, é o depósito do calvin, de onde tirei a ilustração deste post;

– tenho tentado a cada dia ser uma pessoa melhor e buscar o equilíbrio entre meus rompantes arianos típicos e meus resquícios de polianice aguda, e posso dizer que, se ainda falta muito chão pela frente, pelo menos eu já aprendi a diferença entre ser boa e ser idiota;

– não fiz nada de que me arrependa, mas com certeza fiz um zilhão de coisas que esqueci de escrever aqui. mas não importa, tá de bom tamanho, né? :-)

terça-feira, dezembro 25, 2007

boas festas!



essa foto eu tirei pra fazer um cartão de natal para a creche terra nova. deixo aqui para compartilhar o que eu sinto quando olho pra ela: que o menino jesus nunca deixou de estar no meio de nós, espalhando amor, paz e esperanças, e que se em algum momento deixamos de crer nisso, é porque não estamos sabendo olhar direito.

desejo a todos boas festas e que em 2008 todos nós saibamos enxergar melhor com os olhos do coração, tendo a certeza que o mundo melhor que queremos está mais próximo que parece, bem ao alcance de nossas mãos. :-)

sexta-feira, dezembro 21, 2007

"cada promessa é uma ameaça; cada perda, um encontro. dos medos nascem as coragens; e das dúvidas as certezas. os sonhos anunciam outra realidade possível, e os delírios, outra razão. somos, enfim, o que fazemos para transformar o que somos. a identidade não é uma peça de museu, quietinha na vitrine, mas sempre assombrosa síntese das contradições nossas de cada dia. nessa fé, fugitiva, eu creio. para mim, é a única fé digna de confiança, porque é parecida com o bicho humano, fodido, mas sagrado, e à louca aventura de viver no mundo."

(Eduardo Galeano)

quinta-feira, dezembro 13, 2007

são francisco, olhai por nós...

senhor

fazei-me um instrumento da vossa paz
onde houver ódio, que eu leve o amor
onde houver ofensa, que eu leve o perdão
onde houver discórdia, que eu leve a união
onde houver dúvidas, que eu leve a fé

onde houver erro, que eu leve a verdade
onde houver desespero, que eu leve a esperança
onde houver tristeza, que eu leve a alegria
onde houver trevas, que eu leve a luz

ó mestre
fazei que eu procure mais
consolar, que ser consolado
compreender, que ser compreendido
amar, que ser amado

pois é dando que se recebe
é perdoando que se é perdoado
e é morrendo que se vive
para a vida eterna


seria atrevimento demais acrescentar versos à célebre oração?

senhor,
onde houver intransigência, que se leve tolerância
onde houver ignorância, que se leve informação
onde houver fome, que se leve comida
onde houver sede, que se leve água


confesso que, apesar de ainda manter a mente aberta para ouvir e avaliar argumentos contrários, até o momento estou convencida dos benefícios da transposição do rio são francisco. mas mesmo que não estivesse, mesmo que estivesse convictamente do outro lado, jamais eu concordaria com o ato extremo com que o frei luiz flávio cappio vem chamando atenção para sua causa – e impondo ao governo uma chantagem descabida. isso eu acho indiscutivelmente absurdo!

peço a deus que ilumine esse homem, em cujas boas intenções eu posso até acreditar, a perceber que seu autoflagelo em nome de um suposto "bem maior" vem carregado de prepotência e irresponsabilidade, além de ser um atentado à democracia que tão custosamente temos construído.

...

ps: leia aqui o artigo "que não morra o bispo, nem o rio", do sociólogo luis alberto gómez de sousa, talvez o mais lúcido dos escritos sobre o assunto que me chegou às mãos nos últimos dias.

liberdade, ainda que à tardinha!

aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaahhh!!!
finalmente, hein, mr. bloggerman?

sábado, dezembro 08, 2007

clube filosófico dominical

"(...) Viera à luz recentemente uma nova obra sobre os limites da obrigação moral – um tema familiar, o qual sofrera uma reviravolta quando um grupo de filósofos resolveu argumentar que, em se tratando de moralidade, a ênfase devia recair não sobre o que fazemos, mas sobre o que deixamos de fazer. Era uma posição potencialmente severa, com implicações desagradáveis para quem procurava levar uma vida sossegada. Exigia mais vigilância e atenção às necessidades dos outros do que Isabel se sentia capaz. Também era uma posição inadequada para quem quisesse se esquecer de algo. Segundo tal ponto de vista, o ato de tirar determinada coisa da cabeça podia ser entendido como uma omissão deliberada e culpável."

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o livro da vez é "o clube filosófico dominical", de alexander mccall smith, que integra a sempre boa série policial da companhia das letras. o livro é bom, embora a pergunta que primeiro veio na minha cabeça – "mas um policial filosófico?" – realmente seja pertinente. eu adoro policiais, e nunca li um só dessa coleção que fosse ruim, mas posso dizer que achei esse um tanto quanto "deslocado", digamos assim. eu talvez não o publicasse nessa coleção.

o mote é a morte de um rapaz ao cair do balcão de um teatro. em sua queda, por um segundo seu olhar se cruza com o da filósofa isabel dalhousie, que se sente na obrigação moral de desvendar o que realmente aconteceu. mas praticamente não há polícia nesse policial, e o que acompanhamos é a investigação e as conjecturas de isabel em nome de uma responsabilidade ética que ela julga ter adquirido. apesar de o mistério a ser desvendado ser bem construído e prender a atenção, o grande barato do livro são as divagações filosóficas da personagem. confesso que isso me causou uma certa estranheza no início, talvez porque esperasse mais ação, mas depois que entrei no clima comecei a adorar!

ao longo da narrativa, isabel se vê diante de pequenos (ou não...) dilemas morais e/ou éticos, que a fazem pensar, sem prescindir do senso crítico e de suas próprias convicções, sobre o que disseram grandes filósofos a respeito do tema, abrindo questões interessantes que nem sempre se fecham. na verdade quase nunca, como na vida...

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o trecho que reproduzi acima foi um dos que me fez, tal como isabel, fechar por um instante o livro e os olhos e abrir a mente. não só pelo que diz, mas principalmente pelo que ME diz e pelo momento em que me diz. é curioso como muitas vezes recebemos recados valiosos dos lugares mais inesperados, como uma leitura despretenciosa para ajudar a esquecer o trânsito infernal do lado de fora do ônibus.

como se sentisse uma mão invisível me cutucando, seguida de um sussurro: "ei, você já pensou sobre isso? já tentou ver as coisas por esse lado?". obviamente, não adiantava procurar no ônibus pelo dono da voz sussurante, então fechei o livro e os olhos e fui procurá-lo no lugar mais provável. se achei respostas? não sei, mas acho que isso é o que menos importa... o fundamental é nunca deixar de formular perguntas.

quarta-feira, dezembro 05, 2007

mea culpa

sim, eu sou bagunçada.
sim, eu esqueço tudo e cada vez mais tenho que fazer listinhas.
sim, eu perco as listinhas.
sim, eu costumo me envolver com mais coisa que dou conta.
sim, eu também costumo achar que posso resolver os problemas do mundo.
sim, eu às vezes me sinto uma malabarista que acredita ter oito braços

então, eu sei que estou em falta com muitos, devo respostas, devo visitas, devo até mesmo uns simples alôs. se isso consola, estão todos na listinha – e na da agenda, que eu não perco!

me pardonnez-vous?

segunda-feira, dezembro 03, 2007

considerando que:

– meu time não está em nenhuma série do campeonato brasileiro;
– eu continuo gostando de futebol;
– eu me recuso a trair meu glorioso alviverde, esteja ele vivo, rastejante, moribundo ou de fato acabado – logo não torcerei A FAVOR de nenhum outro time;
– ninguém com cuja cara eu esteja zoando está passando por um momento mais doloroso do que pelo menos uns cinco que eu já passei – claro, futebolisticamente falando – e isso me garante, se não uma imunidade, ao menos uma resistência do caralho para com as piadinhas; e, finalmente, que
– é sempre divertido ver os arrogância alheia ruir diante de sua própria incompetência,

declaro:

AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH!!!



(cof, cof, aiai...)

eu não ainda não me decidi se achei mais legal ver os marmanjos chorando ao vivo, ou as bizarrices das emissoras noticiando o fato como se alguma grande celebridade – humana e indivídua, que fique claro – tivesse realmente batido com as dez! horas e horas de "história do curíntia" já gravada e editada enquanto o defunto não resolvia, até as vinhetas estavam prontas, e os urubus (nada pessoal) só esperavam o suspiro/apito final pra apertar o "play" e demonstrar em rede nacional toda a sua consternação, sua solidariedade para aquele povo tão sofrido (tá, quem torce pro américa de natal também é sofrido, mas eles já devem estar acostumados, né?, nem deve fazer muita diferença mais), sua falsa e hipócrita torcida pela volta por cima até os últimos momentos (fala sério, o goiás cair pra segundona ia dar tanto ibope?)... quanta sensibilidade!

acordei hoje achando que ia ligar a televisão de manhã e ver flashes ao vivo direto do velório, enquanto amigos e parentes davam seu último adeus (último também não, pô! ante-ante-pernúltimo, ó o respeito, rapá!). Imaginem, replays intermináveis dos gols e olés tomados no último ano, em câmera lenta, com a musiquinha do senna em versão fúnebre ao fundo, enquanto o pedro bial lê sua própria e contundente crônica com a voz embargada de um luto lacerante que encharca de emoção e lágrimas os corações da grande nação alvinegra abatida pela tragédia inexorável e yada yada yada...

dá licença?

AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH!!!