domingo, dezembro 30, 2007

balanço



comecei 2007 em lavras novas, sem imaginar o ano duraria só seis meses (apesar de eu ter a nítida sensação de que ele ainda vai durar mais uns dois, só nas próximas 24h...).

em 2007, eu

– sobrevivi à entrega do tcc aos 47 do segundo tempo, em janeiro, sem imaginar que receberia meu certificado apenas uns dez dias atrás (o critério que regula as permissões para descumprimento de prazos não é muito justo com alunos). mas o que importa é que em 2007 eu me tornei uma pós-graduada (oh!);

– tirei as minhas férias para trabalhar, o que explica porque quase não me agüento de ansiedade em pensar que terei isso – FÉRIAS! – daqui a exatamente treze horas e 31 minutos;

– fiz um bocado de bons freelas, justiça seja feita. pouco descanso, mas pelo menos é um cansaço remunerado;

– descobri que é o maior barato viajar de avião a trabalho para reuniões de um dia só com passagens pagas pelo cliente;

– achei ainda mais legal quando o serviço acabou e eu vi que aquela não é minha rotina, graças a deus;

– constatei que ainda fico igualzim minino pequeno com o nariz colado na janelinha pra ver as cidades minúsculas lá detrás das nuvens (isso é lindo!);

– vivi a sensação estranha de querer chorar de raiva ao ver meu trabalho impresso, mas receber tantos elogios que acabei me questionando sobre a real vantagem de se ter um olho de designer perfeccionista quando ninguém mais enxerga aquela aberração;

– não vi o mar de perto, mais uma vez. estou prestes a completar cinco anos sem praia e isso pra uma mineira pode começar a ser motivo de sérias preocupações;

– comecei a fazer regime direito, de novo, mas algo me diz que termino o ano no zero a zero (tem uns 20 dias que ando sem coragem de encarar a balança);

– retomei este blog, para minha própria surpresa, e ele até que tá durando;

– comecei um namoro, para minha própria surpresa, e ele até que tá durando;

– continuo com essa mania de arriscar perder um amigo (ou um namorado) para não perder uma piada;

– fiz três concursos públicos, até que estudei direitinho, mas não cheguei nem perto da única vaga que sempre está lá sozinha nos concursos para a minha área;

– estou há meses esperando um aviso prévio que ainda não veio, e ainda pode vir a qualquer momento, mas inexplicavelmente eu estou bem tranqüila de que o que tiver de ser será;

– tive que tolerar e consertar tanta incompetência de gente com emprego bem melhor que o meu que pelo menos serviu pra eu me sentir mais segura da minha própria capacidade;

– parei de assistir novelas (isso é uma quebra de paradigma histórica na minha vida);

– em compensação, estou cada vez mais viciada em séries e devota ao santo padroeiro da banda larga;

– terminei de assistir "six feet under" e agora posso com propriedade juntar-me ao time dos que têm certeza de que essa é a melhor série dramática ever;

– estou no meio da nona temporada de "seinfeld" e agora posso com propriedade juntar-me ao time dos que têm certeza de que essa é a melhor série de comédia ever;

– não obstante, declaro minha paixão por gregory house, dexter morgan e jack donaghy;

– finalmente, comprei um gravador de dvd, mas ainda não sei usar direito;

– finalmente, adquiri um microondas, ainda que seu uso seja 90% pra esquentar meu café com leite de manhã;

– finalmente, troquei meu celular por um que não mais atrai a curiosidade dos adolescentes ao ver como é um celular que não tem tela colorida;

– finalmente, pintei a casa, arrumei o teto da área e troquei os varais – em julho, mas ainda não voltei com os quadros pra parede (shame on me!);

– fui à obra umas duas ou três vezes só, não sei se é só fase ou idade mesmo, mas por enquanto não tem feito muita falta não.

– em compensação, comecei a curtir mais os programas lights de buteco e papo furado com amigos;

– vi meu time cair para a segunda divisão do campeonato mineiro, ser desclassificado da série c nacional e morrer na praia na taça minas gerais, mas ainda tenho a mesma fé que o amigo da lila no projeto "yokohama 2012" (será que freud explica eu ter digitado "2112"?);

– perdi meu avô, e senti uma tristeza tão imensa que só se compara à gratidão que sinto por ter convivido com ele por 31 anos e à alegria de saber que esteja onde estiver, ele está bem e estará sempre perto de mim;

– não perdi a mania de achar que posso resolver os problemas daqueles que eu amo, e apesar de já ter evoluído bem, ainda não lido direito com a frustração que vem quando constato minha óbvia impotência diante de certas coisas;

– reforcei ainda mais minha crença em algo maior que faz toda essa bagunça ter algum sentido, mesmo que eu não consiga captá-lo ainda;

– mais uma vez comprovei que clichês não viram clichês sem uma boa razão;

– continuo não usando messenger, mas fui fisgada por outra perdeção de tempo na internet e cadastrei no facebook;

– me filiei ao movimento dos sem-mídia – e não apenas pra poder dizer que não uso a net apenas para coisas inúteis, a causa é séria e eu sempre defendi;

– conheci um bocado de gente, sites e blogs bacanas na net, e o último deles, que não posso deixar de compartilhar aqui, é o depósito do calvin, de onde tirei a ilustração deste post;

– tenho tentado a cada dia ser uma pessoa melhor e buscar o equilíbrio entre meus rompantes arianos típicos e meus resquícios de polianice aguda, e posso dizer que, se ainda falta muito chão pela frente, pelo menos eu já aprendi a diferença entre ser boa e ser idiota;

– não fiz nada de que me arrependa, mas com certeza fiz um zilhão de coisas que esqueci de escrever aqui. mas não importa, tá de bom tamanho, né? :-)

terça-feira, dezembro 25, 2007

boas festas!



essa foto eu tirei pra fazer um cartão de natal para a creche terra nova. deixo aqui para compartilhar o que eu sinto quando olho pra ela: que o menino jesus nunca deixou de estar no meio de nós, espalhando amor, paz e esperanças, e que se em algum momento deixamos de crer nisso, é porque não estamos sabendo olhar direito.

desejo a todos boas festas e que em 2008 todos nós saibamos enxergar melhor com os olhos do coração, tendo a certeza que o mundo melhor que queremos está mais próximo que parece, bem ao alcance de nossas mãos. :-)

sexta-feira, dezembro 21, 2007

"cada promessa é uma ameaça; cada perda, um encontro. dos medos nascem as coragens; e das dúvidas as certezas. os sonhos anunciam outra realidade possível, e os delírios, outra razão. somos, enfim, o que fazemos para transformar o que somos. a identidade não é uma peça de museu, quietinha na vitrine, mas sempre assombrosa síntese das contradições nossas de cada dia. nessa fé, fugitiva, eu creio. para mim, é a única fé digna de confiança, porque é parecida com o bicho humano, fodido, mas sagrado, e à louca aventura de viver no mundo."

(Eduardo Galeano)

quinta-feira, dezembro 13, 2007

são francisco, olhai por nós...

senhor

fazei-me um instrumento da vossa paz
onde houver ódio, que eu leve o amor
onde houver ofensa, que eu leve o perdão
onde houver discórdia, que eu leve a união
onde houver dúvidas, que eu leve a fé

onde houver erro, que eu leve a verdade
onde houver desespero, que eu leve a esperança
onde houver tristeza, que eu leve a alegria
onde houver trevas, que eu leve a luz

ó mestre
fazei que eu procure mais
consolar, que ser consolado
compreender, que ser compreendido
amar, que ser amado

pois é dando que se recebe
é perdoando que se é perdoado
e é morrendo que se vive
para a vida eterna


seria atrevimento demais acrescentar versos à célebre oração?

senhor,
onde houver intransigência, que se leve tolerância
onde houver ignorância, que se leve informação
onde houver fome, que se leve comida
onde houver sede, que se leve água


confesso que, apesar de ainda manter a mente aberta para ouvir e avaliar argumentos contrários, até o momento estou convencida dos benefícios da transposição do rio são francisco. mas mesmo que não estivesse, mesmo que estivesse convictamente do outro lado, jamais eu concordaria com o ato extremo com que o frei luiz flávio cappio vem chamando atenção para sua causa – e impondo ao governo uma chantagem descabida. isso eu acho indiscutivelmente absurdo!

peço a deus que ilumine esse homem, em cujas boas intenções eu posso até acreditar, a perceber que seu autoflagelo em nome de um suposto "bem maior" vem carregado de prepotência e irresponsabilidade, além de ser um atentado à democracia que tão custosamente temos construído.

...

ps: leia aqui o artigo "que não morra o bispo, nem o rio", do sociólogo luis alberto gómez de sousa, talvez o mais lúcido dos escritos sobre o assunto que me chegou às mãos nos últimos dias.

liberdade, ainda que à tardinha!

aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaahhh!!!
finalmente, hein, mr. bloggerman?

sábado, dezembro 08, 2007

clube filosófico dominical

"(...) Viera à luz recentemente uma nova obra sobre os limites da obrigação moral – um tema familiar, o qual sofrera uma reviravolta quando um grupo de filósofos resolveu argumentar que, em se tratando de moralidade, a ênfase devia recair não sobre o que fazemos, mas sobre o que deixamos de fazer. Era uma posição potencialmente severa, com implicações desagradáveis para quem procurava levar uma vida sossegada. Exigia mais vigilância e atenção às necessidades dos outros do que Isabel se sentia capaz. Também era uma posição inadequada para quem quisesse se esquecer de algo. Segundo tal ponto de vista, o ato de tirar determinada coisa da cabeça podia ser entendido como uma omissão deliberada e culpável."

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o livro da vez é "o clube filosófico dominical", de alexander mccall smith, que integra a sempre boa série policial da companhia das letras. o livro é bom, embora a pergunta que primeiro veio na minha cabeça – "mas um policial filosófico?" – realmente seja pertinente. eu adoro policiais, e nunca li um só dessa coleção que fosse ruim, mas posso dizer que achei esse um tanto quanto "deslocado", digamos assim. eu talvez não o publicasse nessa coleção.

o mote é a morte de um rapaz ao cair do balcão de um teatro. em sua queda, por um segundo seu olhar se cruza com o da filósofa isabel dalhousie, que se sente na obrigação moral de desvendar o que realmente aconteceu. mas praticamente não há polícia nesse policial, e o que acompanhamos é a investigação e as conjecturas de isabel em nome de uma responsabilidade ética que ela julga ter adquirido. apesar de o mistério a ser desvendado ser bem construído e prender a atenção, o grande barato do livro são as divagações filosóficas da personagem. confesso que isso me causou uma certa estranheza no início, talvez porque esperasse mais ação, mas depois que entrei no clima comecei a adorar!

ao longo da narrativa, isabel se vê diante de pequenos (ou não...) dilemas morais e/ou éticos, que a fazem pensar, sem prescindir do senso crítico e de suas próprias convicções, sobre o que disseram grandes filósofos a respeito do tema, abrindo questões interessantes que nem sempre se fecham. na verdade quase nunca, como na vida...

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o trecho que reproduzi acima foi um dos que me fez, tal como isabel, fechar por um instante o livro e os olhos e abrir a mente. não só pelo que diz, mas principalmente pelo que ME diz e pelo momento em que me diz. é curioso como muitas vezes recebemos recados valiosos dos lugares mais inesperados, como uma leitura despretenciosa para ajudar a esquecer o trânsito infernal do lado de fora do ônibus.

como se sentisse uma mão invisível me cutucando, seguida de um sussurro: "ei, você já pensou sobre isso? já tentou ver as coisas por esse lado?". obviamente, não adiantava procurar no ônibus pelo dono da voz sussurante, então fechei o livro e os olhos e fui procurá-lo no lugar mais provável. se achei respostas? não sei, mas acho que isso é o que menos importa... o fundamental é nunca deixar de formular perguntas.

quarta-feira, dezembro 05, 2007

mea culpa

sim, eu sou bagunçada.
sim, eu esqueço tudo e cada vez mais tenho que fazer listinhas.
sim, eu perco as listinhas.
sim, eu costumo me envolver com mais coisa que dou conta.
sim, eu também costumo achar que posso resolver os problemas do mundo.
sim, eu às vezes me sinto uma malabarista que acredita ter oito braços

então, eu sei que estou em falta com muitos, devo respostas, devo visitas, devo até mesmo uns simples alôs. se isso consola, estão todos na listinha – e na da agenda, que eu não perco!

me pardonnez-vous?

segunda-feira, dezembro 03, 2007

considerando que:

– meu time não está em nenhuma série do campeonato brasileiro;
– eu continuo gostando de futebol;
– eu me recuso a trair meu glorioso alviverde, esteja ele vivo, rastejante, moribundo ou de fato acabado – logo não torcerei A FAVOR de nenhum outro time;
– ninguém com cuja cara eu esteja zoando está passando por um momento mais doloroso do que pelo menos uns cinco que eu já passei – claro, futebolisticamente falando – e isso me garante, se não uma imunidade, ao menos uma resistência do caralho para com as piadinhas; e, finalmente, que
– é sempre divertido ver os arrogância alheia ruir diante de sua própria incompetência,

declaro:

AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH!!!



(cof, cof, aiai...)

eu não ainda não me decidi se achei mais legal ver os marmanjos chorando ao vivo, ou as bizarrices das emissoras noticiando o fato como se alguma grande celebridade – humana e indivídua, que fique claro – tivesse realmente batido com as dez! horas e horas de "história do curíntia" já gravada e editada enquanto o defunto não resolvia, até as vinhetas estavam prontas, e os urubus (nada pessoal) só esperavam o suspiro/apito final pra apertar o "play" e demonstrar em rede nacional toda a sua consternação, sua solidariedade para aquele povo tão sofrido (tá, quem torce pro américa de natal também é sofrido, mas eles já devem estar acostumados, né?, nem deve fazer muita diferença mais), sua falsa e hipócrita torcida pela volta por cima até os últimos momentos (fala sério, o goiás cair pra segundona ia dar tanto ibope?)... quanta sensibilidade!

acordei hoje achando que ia ligar a televisão de manhã e ver flashes ao vivo direto do velório, enquanto amigos e parentes davam seu último adeus (último também não, pô! ante-ante-pernúltimo, ó o respeito, rapá!). Imaginem, replays intermináveis dos gols e olés tomados no último ano, em câmera lenta, com a musiquinha do senna em versão fúnebre ao fundo, enquanto o pedro bial lê sua própria e contundente crônica com a voz embargada de um luto lacerante que encharca de emoção e lágrimas os corações da grande nação alvinegra abatida pela tragédia inexorável e yada yada yada...

dá licença?

AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH!!!

quinta-feira, novembro 29, 2007

santa ceia, batman!



vi a imagem acima no blog do jens – link novo aí do lado, o incrível exército de blogoleone, vai lá –, que por sua vez catou no g1 (não merece bold, nem link, vai lá não).

na imagem, chávez, mao, fidel, marx e outros na mesma linha são os "apóstrofos" (sic) que compartilham com jesus a última ceia (que, note bem, é composta por livros! mas hein? te cuida, dan brown!).

foi bater o olho e me lembrar de quando eu era criança e freqüentava o catecismo na igreja de santa helena (por quê minha mãe não conhecia o frei cláudio naquela época, oh céus?). meu pai era do partidão, e eu, moleca, estava sempre com um adesivo na roupa e cantarolando "vote pcb que o pcb é legal, legal!". um dia eu fui adesivada pro catecismo, e até hoje sou zoada por isso...

mas o que marcou mesmo, pra mim, foi minha decepção (e confusão) quando me contaram que a igreja não gostava de jeito nenhum dos comunistas. já naquela época, uma dúvida começou a me atormentar e até hoje ninguém me respondeu satisfatoriamente: todos sabem que jesus disse "dai de comer a quem tem fome", mas onde raios ele falou "desde que não seja essa a prioridade do seu governo"???

responsa

"não deixamos o mundo para os nossos filhos. na verdade, nós o pegamos emprestado deles."

meu irmão me disse essa frase há um tempo atrás, e eu achei bárbaro. lembrei dela hoje e resolvi registrar aqui. se alguem souber me dizer a autoria, agradeço demais, penso que essa pessoa deve ter dito mais coisas que valem a pena a gente ler...

quarta-feira, novembro 28, 2007

¿Por qué no te callas, éfe-agá?


make orgasm, not wargasm

anote aí:

foi agendado para o dia dia 22 de dezembro, sábado, às 4h08 da manhã (horário de verão de brasília - é esdrúxulo mas é pra coincidir com o solstício), o segundo orgasmo global pela paz.

o movimento propõe que todo o mundo se una (no bom sentido, é claro) para tentar frear as energias de violência, agressão e guerras sobre o planeta, provocando, por meio do orgasmo global sincronizado, uma grande onda de energia cheia de amor, prazer e pureza capaz de alterar positivamente o campo energético da terra.

pode parecer absurdo, mas estudos científicos comprovam que a tentativa pode realmente surtir efeito. mesmo que não adiante nada, duvido que algum manifestante vá lamentar pela "energia" dispendida no evento... ;-)

quem fala o que quer, espeto de pau!

"Queremos brasileiros melhor educados, e não liderados por gente que despreza a educação, a começar pela própria."
(FHC, ex-presidente do Brasil, durante o congresso do PSDB, na semana passada)

"Obviamente que se comparar a educação, a formação intelectual do Fernando Henrique Cardoso, ele tem muito mais educação do que eu. É verdade que ele tem mais anos de escolaridade. Mas é verdade que eu sei governar melhor do que ele."
(Lula, presidente do Brasil, em entrevista à TV Record, ontem)

breu

três estampidos, escuridão total, berros de uma criança.
à luz de velas, tirei os aparelhos todos das tomadas,
pendurei a roupa lavada e fui dormir, fazer o quê?

sorte que já eram mais de 23h...

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"i finally have a case of lupus!"
eu (coração) doctor house.
:)

terça-feira, novembro 27, 2007

sábado, novembro 24, 2007

jô soares, racismo e censura

No dia 18 de junho, o escritor Rui Moraes e Castro foi entrevistado no programa do Jô Soares, por causa de seu livro "Memórias de um taxista". Segundo a resenha do livro, ele conta histórias que viveu como taxista no Brasil mas, principalmente, do período em que viajou por Angola, entre 1935 e 1975.

Na entrevista, Ruy descreveu hábitos e ritos sexuais ligados aos mumuilas, um grupo nômade africano. Jô começou a entrevista com o taxista com a seguinte frase: "Antes de falar do táxi, vamos falar da vida sexual angolana...existe uma relação entre os penteados e as vaginas?" Tanto o apresentador, quanto o entrevistado referiram-se aos hábitos e costumes culturais das mulheres do grupo de maneira preconceituosa e jocosa, utilizaram-se de ironias e fizeram alusão a pedofilia, além de terem mostrado várias imagens das mumuilas como se fossem aberrações. A platéia se divertia.

Quem quiser ver o vídeo com o trecho da entrevista, tem aqui. Vale a pena tb ler os comentários dos internautas.

A campanha "Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania" enviou para o Ministério Público Federal do Rio denúncia contra esse fato, o foi instaurado um processo judicial contra a Rede Globo, a fim de identificar se realmente houve desrespeito às comunicades negras.

Hoje, recebi um e-mail falando de um abaixo-assinado on-line solicitando um pedido de desculpas da Rede Globo. Ele será encaminhado para os ministros Tarso Genro, Nilcéia Freire e Matilde Ribeiro, como também para o Procurador Geral do Ministério Público do Rio de Janeiro. Para ler e assinar, clique aqui. Eu acho um pedido de desculpas pouco, posto que racismo é crime é dá cadeia, mas o abaixo-assinado não deixa de ser um ótimo instrumento de pressão para que os ministros e o MP não deixem esse caso cair no esquecimento.
...
Enquanto o apresentador Jô Soares incita esse tipo de pensamento, não tem pudores em censurar outros assuntos. Segundo o blog Fazendo media , o programa exibido no último dia 15 cortou boa parte da entrevista concedida pelo delegado de Polícia Civil do RJ Orlando Zaccone, que havia sido gravada no dia 12:

"(...) A entrevista sofreu um corte no momento em que o delegado comentou o filme Tropa de Elite. O trecho simplesmente não foi ao ar. Segundo Zaccone, Jô Soares ficou irritado com o seguinte comentário: "Essa classe média que está batendo palma para o filme não agüenta um tapa de polícia na rua". O apresentador teria respondido algo como "Não concordo. Isso é sua opinião". Zaccone ainda foi polido. Em vez de responder o óbvio, que havia sido convidado justamente para emitir sua opinião, ainda tentou contemporizar, explicando que as palmas a que se referia eram para as cenas de tortura e execuções sumárias.

Quem assistiu à entrevista pôde notar que Zaccone levou Jô na flauta. Ao contrário da maioria dos programas, em que o apresentador costuma aparecer mais que o convidado, o delegado conseguiu oferecer uma boa exposição sobre o conteúdo de seu livro recém-lançado (Acionistas do nada - quem são os traficantes de drogas). Abordou com bastante propriedade a teoria da seletividade da pena e mostrou, através de experiência própria, que a esmagadora maioria dos presos por tráfico não são violentos. Além disso, ainda achou espaço para criticar a mídia: "Recentemente um jornal do Rio de Janeiro publicou uma foto de uma mulher armada, de shortinho e piercing no umbigo. Só que esse estereótipo não condiz com a realidade". Jô ficou meio atordado e o interrompeu: "Mudando de assunto, já que os convidados vêm aqui para falar de sua vida, me fala sobre quando você era Hare Krishna". Zaccone falou alguns segundos e logo deu um jeito de voltar a criticar a criminalização da pobreza. (...)"

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Movimento dos Sem-Mídia
Por uma mídia livre, plural, ética e imparcial.
Participe.

sexta-feira, novembro 23, 2007

uma frase

"Roland Barthes: 'o fascismo não é impedir de dizer, é obrigar a dizer'. O professor francês morreu na década de 1980, mas seu pensamento está cada vez mais atual. Um exemplo aplicado ao jornalismo se dá quando um repórter pensa em usar uma palavra, ou uma construção, ou mesmo uma determinada fonte, mas desiste da idéia porque sabe que o editor impedirá que ele se manifeste daquela maneira. O repórter está obrigado a dizer algo e, pior, de determinado modo. Para Roland Barthes, trata-se de um controle fascista, sobretudo quando sustenta idéais fascistas."
(do blog fazendo media)
...
para quem, como eu, é daqueles que no colégio sempre levantava o braço e falava "fessor, dá um exemplo prático?", aqui tá cheio de exemplo prático. ;-)

loteria

"Às vezes nós pensamos que as pessoas são como décimos da loteria: que estão aí para concretizar nossas absurdas ilusões."

(Isaac Monfort, personagem do livro A sombra do vento, de Carlos Ruiz Zafón)

talvez fosse mais impactante se essa fosse a quinta frase completa da página 161, mas é a 32ª da página 252, e mesmo sendo seguida de "– Isaac, com o devido respeito, o senhor bebeu como um gambá e não sabe o que diz.", a verdade é que é esse é o tipo de frase pra gente anotar no nosso caderninho como um lembrete para a vida. não só para deixarmos de depositar nossas absurdas ilusões nos outros, como também para lembrarmos que nós mesmos não somos décimos de loteria para ninguém...

quinta-feira, novembro 22, 2007

Só para comparar...

(eu postei este texto ontem no votolula, mas acho que merece um repeteco aqui)

Recebi hoje, pelo grupo do MSM, entre outros bons textos, dois que me chamaram atenção por serem exemplos opostos de ética jornalística.

O primeiro é o texto da postagem anterior, "Para compreender a força de Lula", em que o professor Ladislau Dowbor traça um panorama da questão da desigualdade social e das políticas públicas praticadas pelo governo Lula, baseando-se em números oficiais, com fontes não só citadas como linkadas, ou seja: acessíveis a qualquer leitor. Mais do que despejar números, Dowbor cruza dados e os contextualiza, o que confere credibilidade e coerência ao texto.

O segundo é um post do blog Logística e Transporte, em que o autor, o engenheiro José Augusto Valente, põe abaixo, com dados, fontes e links, qualquer credibilidade ou coerência que poderia ter um artigo publicado no Estadão de hoje. Com o título Sem ferrovias, rodovias, hidrovias e portos, o festival de irresponsabilidades pinta um quadro tétrico para o futuro do Brasil, baseando-se em "fatos" do presente tais como "as estradas estão em petição de miséria", "as ferrovias praticamente não existem" e "os portos continuam reféns das Docas politizadas". Tais afirmações, ao contrário dos argumentos de Valente, não vêm acompanhadas de nem uma única pistazinha que ajude o leitor a descobrir de onde elas saíram, o que me faz deduzir que a origem das mesmas é tão somente (para não dizer outra coisa...) o sovaco da jornalista. Convido todos a lerem os dois - o artigo no Estadão e a análise do engenheiro - e tirarem suas próprias conclusões.

E ouso fazer um pedido: mesmo não encontrando de imediato uma fonte tão precisa quanto as do blog do engenheiro, mantenha sempre um pé atrás com a grande mídia. Pergunte-se sempre de onde veio aquela informação, quem disse, quando, em que contexto, é comprovável? Se o artigo contiver palavras e expressões do tipo "supostamente", "hipótese", "não-confirmado" ou "documentos guardados a sete chaves", desconfie em dobro. Não serei leviana de dizer que a mídia mente sempre, mas que é bom checar antes de comprar gato por lebre, ah, disso eu não tenho a menor dúvida!

segunda-feira, novembro 19, 2007

pé esquerdo

hoje eu cheguei no serviço e antes de alcançar minha mesa já tive que largar minha bolsa em qualquer lugar e me arrastar pelo chão pra tentar arrumar uma forma de não jogar fora quatro faixas de lona, que foram encomendadas como faixas de mão para serem seguradas em sinais fechados, e que a ********* (auto-censurado por motivo de auto-covardia) teve a manha de fazer cada uma com nove metros de comprimento, e sem nenhum suporte no meio! se essa coisa já pesa pra caralho enroladinha, imagina aberta no meio da rua? impraticável. inacreditável. lá foi eu dar uma de costureira e marcar com clips uns três metros de espaços brancos que podiam ser cortados em cada faixa, pra remendar e não ter que mandar fazer tudo de novo! quando acabei fui direto buscar uma água e um café, e fiquei presa na copa ouvindo as lamentações da faxineira reclamona e sua eterna dor nas costas (ok, eu tenho dó, mas é isso todo dia, ela não cala a boca e nem fica quieta como o médico manda, aí haja saco,né?). finalmente, mais de hora depois, sentei em minha mesa. descobri que deixei meus óculos em casa e que o hubby (rãbi? como escreve isso?) ao qual meu computador tá ligado queimou. tô em outro computador, mas só pq tá na hora do almoço.

segunda-feira linda de morrer. e eu que tava achando que este seria o dia mais sossegado da semana...

sexta-feira, novembro 16, 2007

não quebre a corrente...

a lud convocou, eu cumpro:

1. Pegar o livro mais próximo.
Peguei. "A Sombra do vento", de Carlos Ruiz Zafón.

2. Abri-lo na página 161.
Hmpf. Eu ainda estou na 125, odeio spoiler, mas vamulá...

3. Procurar a 5ª frase completa.
achei.

4. Postar a frase no blog.
"sorriu-me com cordialidade e voltou para seu jornal, desinteressado."

5. Não escolher a melhor frase nem o melhor livro (usar o mais próximo)
então, os dois mais próximos mesmo eram o houaiss e uma gramática, mas esse não estava muito mais longe...

6. Repassar o desafio para cinco blogs
amanda
marcelo
pilar
pirata
sandro

7. O que você está achando desse livro?
lindo! extremamente bem escrita, a história se passa em barcelona, na época do pós-guerra, e acompanha o crescimento de um menino que, aos dez anos, foi levado pelo pai a um lugar secreto, o "cemitério dos livros esquecidos". seguindo uma espécie de ritual para quem entra lá pela primeira vez, o menino escolhe um livro (ou é escolhido por ele) e tem a missão de cuidar para que ele nunca desapareça. fascinado pela história, que devora em uma noite só, o menino sai em busca de outras obras do autor, e descobre que essa não é uma tarefa tão fácil quanto parece. acaba se deparando com histórias cheias de segredos e coisas que não devem ser ditas e se envolvendo em uma investigação digna dos melhores policiais, com direito até a um misterioso personagem que deseja a qualquer preço queimar seu livro, pelo visto o último exemplar da obra do desconhecido autor. Ao mesmo tempo, acompanhamos a transformação do menino em um homem, suas descobertas, frustrações, amores e dúvidas. com pitadas na dose certa de um humor inteligente e dramas sem apelação, todos os elementos se combinam de forma perfeita, é daqueles livros que a gente quer pegar e voltar a ler em qualquer oportunidade que tem.

quinta-feira, novembro 15, 2007

Movimento dos Sem-Mídia [II]



Já postei aqui antes sobre o Movimento dos Sem-Mídia. Depois da repercussão obtida pela manifestação que mostrei no post, o MSM organizou uma Assembléia, aberta a todos os interessados e amplamente divulgada pela internet, na qual foi redigido e aprovado um Estatuto Social que oficializa o Movimento como "uma associação da sociedade civil, de direito privado, sem fins lucrativos ou econômicos, de natureza democrática e pluralista", que tem como proposta desenvolver "atividades através de seus dirigentes e associados, sempre de forma pacífica e respeitando os princípios do Estado Democrático de Direito, em defesa e incentivo de uma mídia livre, plural, ética e imparcial, visando a formação e desenvolvimento de cidadãos conscientes e participativos."

No último dia 10, o MSM organizou outra manifestação, desta vez em frente à sede paulista da Rede Globo, e a intenção é promover cada vez mais, em diversas cidades do país. Como também ressaltei no primeiro post, o MSM é um movimento apartidário e desideologizado. Ele não reivindica que a mídia páre de dizer o que diz, apenas que ela dê voz igual ao que não vêm sendo dito, ao longo de muitos anos, em nome de interesses privados, e assim dê chance para que cada cidadão tenha condições de formar sua propria opinião.

Eu apóio o Movimento e me filiei a ele. Deixo aqui o convite para que todos conheçam mais sobre o MSM – seja visitando o blog Cidadania.com, seja entrando na lista de discussões no yahoogroups, seja participando da comunidade no orkut. O convite é para que conheçam, mas a esperança é de que abracem a causa e a divulguem. Afinal, a participação de cada cidadão é de importância fundamental, e este é o momento certo para aproveitarmos a oportunidade e promovermos o debate e a troca de notícias, perguntas e idéias sobre a questão da mídia no Brasil.

Update:
Reproduzo abaixo um cordel com o qual me deparei na comunidade do MSM no orkut, algumas horas após a postagem deste. É grande, mas creiam-me, vale a pena, é sensacional:

Deixa que a mídia eu balanço!
P. da Silva (vulgo Genésio dos Santos, janeiro/2007)

Para deleite da elite
que torce o nariz pro Lula
eis que quase toda a mídia
tá deixando a esquerda fula
que ora parte pro ataque
ora se encolhe e se anula.

No que agora me compete
abordar neste repente
apresento-te um cordel
pois entendo ser urgente
que dos informes da mídia
ninguém de nós se alimente.

Compreende que é por gosto
que nesta viagem me lanço!
O meu combate é com trovas
E rimas... E não me canso!
Zela por nosso governo!
Deixa que a mídia eu balanço!

Vejo as manchetes do dia
na internet ou nos jornais
por falta de conteúdo
o gosto é de "quero mais!"
e à procura de notícias
tô sempre correndo atrás.

É preciso informação
e isso eu não dispenso
mas aguço meus sentidos
neste nevoeiro denso
primeiro eu faço um filtro
e só depois me convenço.

As notícias que procuro
são do governo de agora
que após quinhentos anos
chutou a elite pra fora
só que isso tem um custo
e por isso a mídia chora.

Pois se a vitória foi nossa
e nisso eu acredito
o que precisa ser feito
é governar bem bonito
e sempre a favor dos pobres.
É isso aí, tenho dito!

Entre esquerdas e direita
já escolhi o meu caminho
mesmo que nesta jornada
por vezes eu vá sozinho
mas ninguém vai colocar
no meu guisado um espinho.

Quem a mídia representa?
Tu ousarias dizer?
Claro que a esta pergunta
nós sabemos responder!
A mídia é representante
dos que detêm o poder.

Na vida capitalista
seja de que ramo for
representa o consumismo
representa o explorador
representa o latifúndio
representa o mais-valor;

representa o patrãozinho,
o coronel, o feitor,
representa o industrial
quase sempre o opressor
só não representa o braço
do povo trabalhador;

e no ramo financeiro
de olho no ervanário
faz mesuras ao banqueiro
se rende ao seu ideário
e em hipótese alguma
tá do lado do bancário.

É só folhear os jornais
tomando muito cuidado
interpretar propaganda
cotejar classificado
que se nota com certeza
da mídia qual é o lado.

É o de quem compra o espaço
que é vendido, e não dado.
é o dos donos de negócios
que convivem lado a lado
com os especuladores
que manipulam o mercado.

A mídia assim representa
pretendo aqui relatar
fatia da burguesia
que vive a se lamentar
com vaga certa em marina
campo de golfe ou hangar;

mora em mansões com guarita
para a miséria afrontar
e freqüenta heliporto
pra todo dia voar
sem ter que uma lotação,
busão ou trem enfrentar;

ou se fecha em condomínios
com muitas suítes no apê
muitos carros na garagem
tevê a cabo, devedê...
com quartos pra criadagem
que sempre está à mercê

das ordens do sinhozinho
da casa grande moderna
que não quer ser contrariada
não quer choro nem baderna
para com isso manter
essa escravidão eterna.

É assim que ela chafurda
na lama de um atoleiro
é uma troca de favores
tudo feito por dinheiro
além de me causar asco
também provoca mau-cheiro.

Na campanha eleitoral
foi pau para o nosso lado
tá certo, eu admito
que uns possam ter errado
mas quem atirava as pedras
fingia não ter pecado.

Foi mote da oposição
"tá na mídia, tá nos autos!"
aos petistas e aliados
soluços e sobressaltos
e a mídia se esbaldando
engabelando os incautos.

Desculpa se no cordel
eu faço caricatura!
Mas pra conquistar espaço
nesta quase-ditadura
dos que têm tudo na vida
contra os que roem rapadura

tenho que ser bem direto
ao enfocar o problema
e ao meter a colher
procuro não ter dilema
não serei eu, cinqüentão,
que vou dar mole ao sistema.

Por vezes um colunista
cacareja isenção
mas ao publicar seu texto
e aí tomar posição,
esta, invariavelmente,
coincide com a do patrão.

Dá um cacete no Chávez
e o faz réu de muitos males,
dá rasteira no Ortega
e um pontapé no Morales,
dá um chega-pra-lá no Lula
e no Fidel... Nem me fales!

E diz estar defendendo
a tal da democracia
mas defende seus anéis
dia e noite, noite e dia
não quer perder a boquinha
de ganhar com a mais-valia.

Trata governante eleito
como se fosse gentinha
mesmo perdendo no voto
tenta impor a sua linha
e o cordelista pergunta:
Na bunada num vai dinha?

É assim que a mídia opera
na América Latina
desrespeitando eleitores
sempre de forma ferina
e mais, se dermos bobeira,
põe-se a agir na surdina.

E vai se comprometendo
na maior da cara-dura
co'a nata da burguesia
que ao se sentir insegura
passa a considerar
virtudes na ditadura.

Por isso deixo o recado
sem quebrar nenhuma rima
a quem dá pau no governo
e agindo assim se anima
fico co´os do andar de baixo
contra os do andar de cima.

Para aquele que foi pobre
e hoje é classe média
é bom que o governo Lula
nunca perca a sua rédea
senão a democracia
pode acabar em tragédia.

Para pôr fim à violência
que deixa a nação inquieta,
que ofereça ao cidadão
alternativa correta,
que a construção de presídios
não seja a única meta.

É bom que o governo Lula
invista em educação,
que obtenha resultados
no programa de inclusão
garantindo ao excluído
um teto, trabalho e pão.

Talvez se eu me concentrasse
noutra linha de argumento
para mostrar-te que a mídia
me causa aborrecimento
eu não fosse tão feliz
ao perseguir este intento.

Parece que já fui longe
Demais com este labor
Assim sendo me despeço
Saudando o trabalhador
Investindo no bordão:
Lula, é seu o andor!
Viajando neste cordel
A vida tem mais sabor.

quarta-feira, novembro 14, 2007

apóstrofo



AHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH!!!

terça-feira, novembro 13, 2007

a voz do povo...

hoje eu ganhei meu dia de manhã cedo, e nem foi quando soube que vou emendar o feriado.

tive de vir de táxi. o motorista puxa conversa sobre o tempo, a chuva, os estragos em uberlândia e eu, como sempre, enquanto não me conformo que terei que conversar fico no "é..." "puxa!", "triste, né?". e ele continua, e fala da injustiça de enquanto isso o nordeste de minas estar sofrendo com a seca, aí o povo vem pra cá e acaba que os filhos se metem com o crime e tinha que dar um jeito de melhorar a vida deles por lá... e eu continuo só concordando, mas já com bem mais interesse.

daí ele mesmo fala: "eu não entendo! não tem o rio são francisco lá, um rio enorme? por quê não puxa água de lá, gente?" aí eu me aprumei, né? e disse que a coisa era complicada, que haviam estudos pra isso, mas tb havia muita gente contra, e que é difícil agradar a todos, tem que ser aprovado, negociado, adequado e talz. mas que o governo tem feito muita coisa, que realmente tem que combater o problema é na origem, não adianta só prender, essas coisas...

ele ficou pensativo um tempo, depois deu um suspiro: "sabe o que eu acho? esses político parece que não é brasileiro! não importa pra eles se uma idéia é boa pro país, importa só quem teve a idéia. se é de alguém que eles não gosta, faz de tudo pra derrubar! eu tb num gosto de governo não, mas eu tô vendo que a vida mudou de uns cinco anos pra cá! muita coisa tá melhor, e quando eles faz certo a gente tem que reconhecer também!"

(aleluia!!!)

e ainda nem acabou aí! logo antes de eu descer, o moço comentou sobre essa descoberta do petróleo e, espontaneamente, soltou: "mas tem uma mulher, uma tal de míriam leitão, que nossinhora, ela não consegue dar nem UMA notícia boa sem arranjar algum problema! ficou lá diminuindo a história, dizendo que não era pra ficar animado demais não que o trem só ia começar a render daí a uns sete anos... uai, se o governo fosse outro num ia demorar o mesmo tempo pra montar as coisa lá não?"

meu herói!
quase que eu pedi pra ele falar de novo pra eu filmar!
foi lindo. :-)

segunda-feira, novembro 12, 2007

coleta seletiva em bh

(quase) tudo que vocês sempre quiseram saber sobre a coleta seletiva em belo horizonte, mas nunca eu conseguia tempo pra finalmente terminar o site, que modéstia às favas está muito lindo, organizado e bem escrito:

http://www.pbh.gov.br/bhrecicla/

;-)
.

a lua de papel


depois de uns bons meses lendo apenas as indicações bibliográficas para concursos, foi uma delícia devorar em um fim de semana a última aventura do comissário montalbano! policial dos bons, a lua de papel é o mais recente livro de andrea camilleri, escritor italiano obrigatório para os amantes do gênero. além da boa trama investigativa, o humor siciliano dá um tempero especial às histórias. as histórias no plural mesmo, porque minha recomendação não vale só pra esse livro: qualquer camilleri é genial!

sexta-feira, novembro 09, 2007

pega um, pega geral....

daí neguinho acha que eu tô paranóica ou que não há razão pra tanta discussão. mas ó só o que sai no jornal e ninguém mais se assusta:

Absolvido pela Justiça da acusação de assassinato, o major do Bope Ricardo Soares narrou em palestra a cerca de 130 policiais de todo o país como o seqüestrador do ônibus 174, Sandro do Nascimento, 21, morreu dentro de um camburão no Rio, em junho de 2000. O relato foi feito no fim de semana, em Porto Alegre.

"Eu não fiz questão realmente de ressuscitá-lo muito, não. Foi embora!", declarou, provocando risos na platéia. "Vou ser sincero: entre ele e eu, vai ele, porque tenho muita vida pela frente, se Deus quiser", disse. Soares - capitão do Bope em 2000 - descreveu como, após resistência de Nascimento no carro policial, asfixiou o criminoso até ele desfalecer.

(a matéria completa taqui)

pior: não só ninguém mais assusta e como uma declaração dessas ainda provoca risos na platéia! RISOS!

eu tô sem palavras de tão indignada.

quarta-feira, novembro 07, 2007

também vai pegar você!

quanto mais penso e discuto sobre tropa de elite, mais eu percebo como ele é amarradinho nas suas sutis manipulações. não tão sutis quando se pára pra pensar, mas convenhamos, qual é a parcela da população que efetivamente pára pra pensar depois de um filme como esse, cheio de ação, imagens chocantes (ou "iradas"), palavrões e atos de (super)heroísmos de mocinhos detonando com bandidos?

não nego que eu gostei do filme quando vi (pirata, lógico). além do roteiro muito bem feito, pega também a sensação de pertencer a um grupo dos que foram "tocados pela denúncia". a intenção é que o espectador seja fisgado aí, e não perceba que a "grande denúncia" – contra traficantes pé-de-chinelo, policiais mal-pagos enfiados todos num mesmo saco e estereótipos de intelectuaizinhos de esquerda fumadores de maconha – não passa de uma grande cortina de fumaça (sem trocadilho).

já vinha pensando e dizendo isso há algum tempo quando recebi o artigo abaixo por e-mail. nele, o autor usa as palavras exatas que nem sempre eu encontrei pra explicar minha opinião. tropa de elite ainda tem uma chance de ter o mérito de possibilitar um grande e pertinente debate sobre os problemas da violência, da corrupção e do tráfico: se, e somente se, cada vez mais espectadores se permitirem a rebeldia de sair do papel para o qual foram designados e pensar, questionar, discutir.

não existe outro tipo de gente no mundo? não existem outras alternativas? por quê não discutir a desigualdade social como fator gerador de violência? por quê não discutir a legalização das drogas? por quê não discutir a investigação de quem tem realmente tem poder e grana pra continuar mantendo esse esquema? por quê o filme foge tanto dessas perguntas?

porque sou brasileira e não desisto nunca, reproduzo e repasso o artigo abaixo (os grifos são meus). se ele ajudar a sacudir as convicções de uma pessoa só que seja, já valeu a pena:

Tropa de elite: a criminalização da pobreza
(Ivan Pinheiro)

"Homem de preto.
Qual é sua missão?
É invadir favela.
E deixar corpo no chão"
(refrão do BOPE)


Não dá cair no papo furado de que "Tropa de Elite" é "arte pura" ou "obra aberta". Um filme sobre questões sociais não podia ser neutro. Trata-se de uma obra de arte objetivamente ideológica, de caráter fascista, que serve à criminalização e ao extermínio da pobreza. É possível até que os diretores subjetivamente não quisessem este resultado, mas apenas ganhar dinheiro, prestígio e, quem sabe, um Oscar. Vão jurar o resto da vida que não são de direita. Aliás, você conhece alguém no Brasil, ainda mais na área cultural, que se diga de direita? Como acredito mais em conspirações do que no acaso, não descarto a hipótese de o filme ter sido encomendado por setores conservadores. Estou curioso para saber quais foram os mecenas desta caríssima produção, que certamente foi financiada por incentivos fiscais.

O filme tem objetivos diferentes, para públicos diferentes. Para os proletários das comunidades carentes, o objetivo é botar mais medo ainda na "caveira" (o BOPE, os "homens de preto"). O vazamento escancarado das cópias piratas talvez seja, além de uma estratégia de marketing, parte de uma campanha ideológica. A pirataria é a única maneira de o filme ser visto pelos que não podem pagar os caros ingressos dos cinemas. Aliás, que cinemas? Não existe mais um cinema nos subúrbios, a não ser em shopping, que não é lugar de pobre freqüentar, até porque se sente excluído e discriminado.

No filme, os "caveiras" são invencíveis e imortais. O único que morre é porque "deu mole". Cometeu o erro de ir ao morro à paisana, para levar óculos para um menino pobre, em nome de um colega de tropa que estava identificado na área como policial. Resumo: foi fazer uma boa ação e acabou assassinado pelos bandidos.

Para as classes médias e altas, o objetivo do filme é conquistar mais simpatia para o BOPE, na luta dos "de cima", que moram embaixo, contra os "de baixo", que moram em cima. Os "homens de preto" são glamourizados, como abnegados e incorruptíveis. Apesar de bem intencionados e preocupados socialmente, são obrigados a torturar e assassinar a sangue frio, em "nosso nome". Para servir à "nossa sociedade", sacrificam a família, a saúde e os estudos. Nós lhes devemos tudo isso! Portanto, precisam ser impunes. Você já viu algum "caveira" ser processado e julgado por tortura ou assassinato? "Caveira" não tem nome, a não ser no filme. A "Caveira" é uma instituição, impessoal, quase secreta.

Há várias cenas para justificar a tortura como "um mal necessário". Em todas, o resultado é positivo para os torturadores, ou seja, os torturados não resistem e "cagüetam" os procurados, que são pegos e mortos, com requintes de crueldade. Fica outra mensagem: sem aquelas torturas, o resultado era impossível.

Tudo é feito para nos sentirmos numa verdadeira guerra, do bem contra o mal. É impossível não nos remetermos ao Iraque ou à Palestina: na guerra, quase tudo é permitido. À certa altura, afirma o narrador, orgulhoso: "nem no exército de Israel há soldados iguais aos do BOPE".

Para quem mora no Rio, é ridículo levar a sério as cenas em que os "rangers" sobem os morros, saindo do nada, se esgueirando pelas encostas e ruelas, sem que sejam percebidos pelos olheiros e fogueteiros das gangues do varejo de drogas! Esta manipulação cumpre o papel de torná-los ainda mais invencíveis e, ao mesmo tempo, de esconder o estigmatizado "Caveirão", dentro do qual, na vida real, eles sobem o morro, blindados. O "Caveirão", a maior marca do BOPE, não aparece no filme: os heróis não podem parecer covardes!

O filme procura desqualificar a polêmica ideológica com a esquerda, que responsabiliza as injustiças sociais como causa principal da violência e marginalidade. Para ridicularizar a defesa dos direitos humanos e escamotear a denúncia do capitalismo, os antagonistas da truculência policial são estudantes da PUC, "despojados de boutique", que se dão a alguns luxos, por não terem ainda chegado à maioridade burguesa.

Os protestos contra a violência retratados no filme são performances no estilo "viva rico", em que a burguesia e a pequena-burguesia vão para a orla pedir paz, como se fosse possível acabar com a violência com velas e roupas brancas, ou seja, como se tratasse de um problema moral ou cultural, e não social.

A burguesia passa incólume pelo filme, a não ser pela caricatura de seus filhos que, na Faculdade, fumam um baseado e discutem Foucault. Um personagem chamado "Baiano" (sutil preconceito) é a personificação do tráfico de drogas e de armas, como se não passasse de um desses meninos pobres, apenas mais espertos que os outros, que se fazem "Chefe do Morro" e que não chegam aos trinta anos de idade, simples varejistas de drogas e armas, produtos dos mais rentáveis do capitalismo contemporâneo. Nenhuma
menção a como as drogas e armas chegam às comunidades, distribuídas pelos grandes traficantes capitalistas, sempre impunes, longe das balas achadas e perdidas. E ainda responsabilizam os consumidores pela existência do tráfico de drogas, como se o sistema não tivesse nada a ver com isso!


O Estado burguês também passa incólume pelo filme. Nenhuma alusão à ausência do Estado nas comunidades carentes, principal causa do domínio do banditismo. Nenhuma denúncia de que lá falta tudo que sobra nos bairros ricos. No filme, corrupção é um soldado da PM tomar um chope de graça, para dar segurança a um bar. Aliás, o filme arrasa impiedosamente os policiais "não caveiras", generalizando-os como corruptos e covardes, principalmente os que ficam multando nossos carros e tolhendo nossas pequenas transgressões, ao invés de subirem o morro para matar bandido.

A grande sacada do filme é que o personagem ideológico principal não é o artista principal. Este, branco, é o que mais mata. Ironicamente, chama-se Nascimento. É um tipo patológico, messiânico, sanguinário, que manda um colega matar enquanto fala ao celular com a mulher sobre o nascimento do filho.

Mas para fazer a cabeça de todos os públicos, tanto os "de cima" como os "de baixo", o grande e verdadeiro herói da trama surge no final: Thiago, um jovem negro, pacato, criado numa comunidade pobre, que foi trabalhar na PM para custear seus estudos de Direito, louco para largar aquela vida e ser advogado. Como PM, foi um peixe fora d'água: incorruptível, respeitava as leis e os cidadãos. Generoso, foi ele quem comprou os óculos para dar para o menino míope. Sua entrada no BOPE não foi por vocação, mas por acaso.

Para ficar claro que não há solução fora da repressão e do extermínio e que não adianta criticar nem fazer passeata, pois "guerra é guerra", nosso novo herói se transforma no mais cruel dos "caveiras" da tropa da elite, a ponto de dar o tiro de misericórdia no varejista "Baiano", depois que este foi torturado, dominado e imobilizado. Para não parecer uma guerra de brancos ricos contra negros pobres, mas do bem contra o mal, o nosso herói é um "caveira" negro, que mata um bandido "baiano", de sua própria classe, num ritual macabro para sinalizar uma possibilidade de "mobilidade social", para usar uma expressão cretina dos entusiastas das "políticas compensatórias".

A fascistização é um fenômeno que vem sendo impulsionado pelo imperialismo em escala mundial. A pretexto da luta contra o terrorismo, criminalizam-se governos, líderes, povos, países, religiões, raças, culturas, ideologias, camadas sociais.

Em qualquer país em que "Tropa de Elite" passar, principalmente nos Estados Unidos e na Europa, o filme estará contribuindo para que a sociedade se torne mais fascista e mais intolerante com os negros, os imigrantes de países periféricos e delinqüentes de baixa renda.

No Brasil, a mídia burguesa há muito tempo trabalha a idéia de que estamos numa verdadeira guerra, fazendo sutilmente a apologia da repressão. Sentimos isso de perto. Quantas vezes já vimos pessoas nas ruas querendo linchar um ladrão amador, pego roubando alguma coisa de alguém? Quantas vezes ouvimos, até de trabalhadores, que "bandido tem que morrer"?

Se não reagirmos, daqui a pouco a classe média vai para as ruas pedir mais BOPE e menos direitos humanos e, de novo, fazer o jogo da burguesia, que quer exterminar os pobres, que só criam problemas e ainda por cima não contam na sociedade de consumo. Daqui a pouco, as milícias particulares vão se espalhar pelo país, inspiradas nos heróicos "homens de preto", num perigoso processo de privatização da segurança pública e da justiça. Não nos esqueçamos do modelo da "matriz": hoje, os mais sanguinários soldados americanos no Iraque são mercenários recrutados por empresas particulares de segurança, não sujeitos a regulamentos e códigos militares.

Parafraseando Bertolt Brecht, depois vai sobrar para nós, que teimamos em lutar contra o fascismo e a barbárie, sonhando com um mundo justo e fraterno. A trilha sonora do filme já avisou:

"Tropa de Elite,
Osso duro de roer,
Pega um, pega geral.
Também vai pegar você!"

terça-feira, novembro 06, 2007

lógica irrefutável...

meu horóscopo do facebook mandou eu parar de gastar tempo em diversões inúteis e ir trabalhar! :-/

quarta-feira, outubro 31, 2007

ao velho maia

(...)
as coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão

mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão

(c.d.a.)


hoje meu avô completaria 92 anos.

outro dia mesmo estávamos todos empolgados organizando a festa de noventa anos do maia. todos sabíamos que era já uma data digna de comemoração, mas duvido que alguém olhasse pra ele e sequer imaginasse que em dois anos ele não estaria mais aqui. ele próprio sugeriu, quando estávamos decidindo o destino da bebida que sobrou: "guarda pra festa dos cem!"

apesar da consciência racional do caminho natural da vida, simplesmente não era possível conceber a vida sem o meu avô! como assim?, a vida é isso: tem o céu, o sol, a água, o ar, e tem meu avô, ora bolas, e eles sempre vão estar aqui, isso é indiscutível, é óbvio!

e é divinamente verdade! se antes eu dizia a pessoas que perderam alguém que quem se foi sempre estará por perto, eu dizia por pura fé. hoje eu posso dizer com a certeza da experiência vivida, pois eu não só sei ou acredito que meu avô está sempre comigo, eu efetivamente sinto isso, de uma forma inexplicável, porém inquestionável.

não foram poucos os ensinamentos e exemplos que recebi dele. não foi pouca a influência dele na minha formação, no meu caráter, nos meus valores, no meu senso de humor e em tantas coisas mais. esse homem extraordinário, de quem tive a sorte de ser neta e com quem tive o privilégio de conviver por 31 anos, não poderia ter "ido embora" de outra forma.

o pássaro das asas cansadas se recolheu para repousar e fazer versos em companhia das estrelas que gostava de ouvir. mas até na sua despedida não deixou de ser generoso e poeta. e como eu posso me entristecer, se continuo escutando, aqui dentro, aquela risada tão dele que eu nunca vou esquecer? ouço sua voz, sinto ele por perto e, pra ser sincera, acho que ele continua aprontando suas graças.

que outra explicação teria pra justo hoje, enquanto eu andava a caminho do serviço, olhando para o céu e pensando nele, eu ver um miquinho brincando num poste??? um mico! todo serelepe e mó à vontade no meio daquela fiarada toda? só sei que nessa hora eu dei uma risada e esqueci de ficar triste...

segunda-feira, outubro 29, 2007

pede pra sair do cavalo!

ahahahahahahahahahahahahahahahahahah!!!



(imagem pegada emprestada com todo o respeito do sensacional e imperdível blog do valoroso capitão nascimento.)

o rolo do rolex

texto de zeca baleiro, cantor, compositor e moço mucho ducaralho que fala o que muita gente pensa mas não tem culhão pra dizer:

NO INÍCIO do mês, o apresentador Luciano Huck escreveu um texto sobre o roubo de seu Rolex. O artigo gerou uma avalanche de cartas ao jornal, entre as quais uma escrita por mim. Não me considero um polemista, pelo menos não no sentido espetaculoso da palavra. Temo, por ser público, parecer alguém em busca de autopromoção, algo que abomino. Por outro lado, não arredo pé de uma boa discussão, o que sempre me parece salutar. Por isso resolvi aceitar o convite a expor minha opinião, já distorcida desde então.

Reconheço que minha carta, curta, grossa e escrita num instante emocionado, num impulso, não é um primor de clareza e sabia que corria o risco de interpretações toscas. Mas há momentos em que me parece necessário botar a boca no trombone, nem que seja para não poluir o fígado com rancores inúteis. Como uma provocação.

Foi o que fiz. Foi o que fez Huck, revoltado ao ver lesado seu patrimônio, sentimento, aliás, legítimo. Eu também reclamaria caso roubassem algo comprado com o suor do rosto. Reclamaria na mesa de bar, em família, na roda de amigos. Nunca num jornal.

Esse argumento, apesar de prosaico, é pra mim o xis da questão. Por que um cidadão vem a público mostrar sua revolta com a situação do país, alardeando senso de justiça social, só quando é roubado? Lançando mão de privilégio dado a personalidades, utiliza um espaço de debates políticos e adultos para reclamações pessoais (sim, não fez mais que isso), escorado em argumentos quase infantis, como "sou cidadão, pago meus impostos". Dias depois, Ferréz, um porta-voz da periferia, escreveu texto no mesmo espaço, "romanceando" o ocorrido. Foi acusado de glamourizar o roubo e de fazer apologia do crime.

Antes que me acusem de ressentido ou revanchista, friso que lamento a violência sofrida por Huck. Não tenho nada pessoalmente contra ele, de quem não sei muito. Considero-o um bom profissional, alguém dotado de certa sensibilidade para lidar com o grande público, o que por si só me parece admirável. À distância, sei de sua rápida ascensão na TV. É, portanto, o que os mitificadores gostam de chamar de "vencedor". Alguém que conquista seu espaço à custa de trabalho me parece digno de admiração.

E-mails de leitores que chegaram até mim (os mais brandos me chamavam de "marxista babaca" e "comunista de museu") revelam uma confusão terrível de conceitos (e preconceitos) e idéias mal formuladas (há raras exceções) e me fizeram reafirmar minha triste tese de botequim de que o pensamento do nosso tempo está embotado, e as pessoas, desarticuladas.

Vi dois pobres estereótipos serem fortemente reiterados. Os que espinafraram Huck eram "comunistas", "petistas", "fascistas". Os que o apoiavam eram "burgueses", "elite", palavra que desafortunadamente usei em minha carta. Elite é palavra perigosa e, de tão levianamente usada, esquecemos seu real sentido. Recorro ao "Houaiss": "Elite - 1. o que há de mais valorizado e de melhor qualidade, especialmente em um grupo social [este sentido não se aplica à grande maioria dos ricos brasileiros]; 2. minoria que detém o prestígio e o domínio sobre o grupo social [este, sim]".

A surpreendente repercussão do fato revela que a disparidade social é um calo no pé de nossa sociedade, para o qual não parece haver remédio - desfilaram intolerância e ódio à flor da pele, a destacar o espantoso texto de Reinaldo Azevedo, colunista da revista "Veja", notório reduto da ultradireita caricata, mas nem por isso menos perigosa. Amparado em uma hipócrita "consciência democrática", propõe vetar o direito à expressão (represália a Ferréz), uma das maiores conquistas do nosso ralo processo democrático. Não cabendo em si, dispara esta pérola: "Sem ela [a propriedade privada], estaríamos de tacape na mão, puxando as moças pelos cabelos". Confesso que me peguei a imaginar esse sr. de tacape em mãos, lutando por seu lugar à sombra sem o escudo de uma revista fascistóide. Os idiotas devem ter direito à expressão, sim, sr. Reinaldo. Seu texto é prova disso.

Igual direito de expressão foi dado a Huck e Ferréz. Do imbróglio, sobram-me duas parcas conclusões. A exclusão social não justifica a delinqüência ou o pendor ao crime, mas ninguém poderá negar que alguém sem direito à escola, que cresce num cenário de miséria e abandono, está mais vulnerável aos apelos da vida bandida. Por seu turno, pessoas públicas não são blindadas (seus carros podem ser) e estão sujeitas a roubos, violências ou à desaprovação de leitores, especialmente se cometem textos fúteis sobre questões tão críticas como essa ora em debate.

Por fim, devo dizer que sempre pensei a existência como algo muito mais complexo do que um mero embate entre ricos e pobres, esquerda e direita, conservadores e progressistas, excluídos e privilegiados. O tosco debate em torno do desabafo nervoso de Huck pôs novas pulgas na minha orelha. Ao que parece, desde as priscas eras, o problema do mundo é mesmo um só - uma luta de classes cruel e sem fim.

sexta-feira, outubro 26, 2007

que tropa de elite o quê!

quer ver a "realidade brasileira" nas telas, nua e crua?
quer enxergar a alma humana retratada sem sensacionalismos hollywoodianos?
quer um filme soco no estômago de verdade?
quer assistir uma obra que toca nas feridas - da alma, e não em feridas sociais convenientemente selecionadas?
quer ficar um bom tempo calado olhando a tela preta depois do fim do filme simplesmente porque não sabe - ou não há - o que dizer ou fazer?

assista estamira.


estamira, 63 anos, há 20 cata lixo em um aterro na baixada fluminense. "consciente, lúcida e ciente", estamira é sábia, e não tem o menor pudor em falar o que sabe. "a minha missão, além de eu ser estamira, é revelar a verdade, somente a verdade. seja mentira, seja capturar a mentira e tacar na cara, ou então ensinar a mostrar o que eles não sabem. os inocente. não tem mais inocente, tem esperto ao contrário. esperto ao contrário tem, mas inocente num tem não."

é preciso estar atento e aberto para o que diz estamira. os médicos dizem que ela é louca, mas ela sabe que os remédios só servem para dopá-la, até ela voltar para a consulta daí a 40 dias. estamira é poeta, filósofa, guerreira, sofrida, sobrevivente. "eu, estamira, sou a visão de cada um. ninguém pode viver sem mim. ninguém pode viver sem estamira."

ela está certa. todo mundo deveria conhecer estamira.

quinta-feira, outubro 25, 2007

quarta-feira, outubro 24, 2007

ô, modeuso!



o tadinho do muleque só queria se fantasiar de harry potter, acabou com um cone de trânsito entalado na cabeça e foi preciso chamar os bombeiros pra tirar. dá dó, mas essa carinha é impagável, né não? :)

tem a história inteira aqui.

eu não tenho nada com isso


elogio não enche barriga, mas quem disse que barriga cheia é tudo que importa?

é claro que eu não estou desprezando um pagamento justo por fazer um trabalho bem feito, mas tem horas que começo a achar que devia ser mais objetiva e parar de "me envolver" tanto com o trabalho. eu sou do tipo que veste a camisa, sou perfeccionista, quero que tudo fique lindo, perfeito, com português correto, etc. muitas vezes faço muito além do que, em tese, sou paga para fazer, porque quero ver o produto final bem feito. não sei fazer "mais ou menos".

outro dia me falaram que eu devia aprender a ligar mais o foda-se, a me preocupar menos com o que não é da minha conta e a obedecer sem discutir mesmo ordens estúpidas. não consigo, mas pago o preço, e às vezes, como agora, tenho algumas frustrações que eu já devia saber evitar há pelo menos uns... oito ou nove anos.

enfim, foda-se. a campanha vai sair, o nome é uma bosta, eu não tenho nada com isso - e é isso que faço questão de deixar claro: EU NÃO TENHO NADA COM ISSO - não me chamaram pra reunião de briefing, não me levaram nas apresentações de propostas, não me pediram opinião, e a única hora em que eu participei mesmo do processo foi quando, em uma sexta-feira à noite fiquei horas revendo as provas e corrigindo erros homéricos para liberar a impressão no sábado de manhã (o que obviamente não aconteceu, mesmo eu só indo embora depois de tudo corrigido). trabalho chato pra cacete pra tentar melhorar o possível de um serviço péssimo que eu não fiz e não acompanhei.

é outro desabafo sim, mas hoje eu estou mais frustrada que nervosa. sei que vai passar. e foda-se. eu não tenho nada com isso.

terça-feira, outubro 23, 2007

concurso gasmig


então, saiu o gabarito.

português: 14/15
inglês: 7/10
atualidades: 10/10
específica: 8/15
total: 39/50 = 78%

acho pouco, mas pelo menos:
a) eu errei mais nas que tinha estudado menos mesmo, então não passei tanta raiva quanto nos outros dois concursos;
b) acho que passo pra correção da redação, daí modéstia às favas eu ultrapasso uma galerinha...

mas duas vagas pra 587 candidatos é FODA.

segunda-feira, outubro 22, 2007

a palavra


...Sim Senhor, tudo o que queira, mas são as palavras as que cantam, as que sobem e baixam... Prosterno-me diante delas... Amo-as, uno-me a elas, persigo-as, mordo-as, derreto-as... Amo tanto as palavras... As inesperadas... As que avidamente a gente espera, espreita até que de repente caem... Vocábulos amados... Brilham como pedras coloridas, saltam como peixes de prata, são espuma, fio, metal, orvalho... Persigo algumas palavras... São tão belas que quero colocá-las todas em meu poema... Agarro-as no vôo, quando vão zumbindo, e capturo-as, limpo-as, aparo-as, preparo-me diante do prato, sinto-as cristalinas, vibrantes, ebúrneas, vegetais, oleosas, como frutas, como algas, como ágatas, como azeitonas... E então as revolvo, agito-as, bebo-as, sugo-as, trituro-as, adorno-as, liberto-as... Deixo-as como estalactites em meu poema; como pedacinhos de madeira polida, como carvão, como restos de naufrágio, presentes da onda... Tudo está na palavra... Uma idéia inteira muda porque uma palavra mudou de lugar ou porque outra se sentou como uma rainha dentro de uma frase que não a esperava e que a obedeceu... Têm sombra, transparência, peso, plumas, pêlos, têm tudo o que se lhes foi agregando de tanto vagar pelo rio, de tanto transmigrar de pátria, de tanto ser raízes... São antiqüíssimas e recentíssimas. Vivem no féretro escondido e na flor apenas desabrochada... Que bom idioma o meu, que boa língua herdamos dos conquistadores torvos... Estes andavam a passos largos pelas tremendas cordilheiras, pelas Américas encrespadas, buscando batatas, butifarras, feijõezinhos, tabaco negro, ouro, milho, ovos fritos, com aquele apetite voraz que nunca mais se viu no mundo ... Tragavam tudo: religiões, pirâmides, tribos, idolatrias iguais às que eles traziam em suas grandes bolsas... Por onde passavam a terra ficava arrasada... Mas caíam das botas dos bárbaros, das barbas, dos elmos, das ferraduras. Como pedrinhas, as palavras luminosas que permaneceram aqui resplandecentes... o idioma. Saímos perdendo... Saímos ganhando... Levaram o ouro e nos deixaram o ouro... Levaram tudo e nos deixaram tudo... Deixaram-nos as palavras.

(pablo neruda)

sexta-feira, outubro 19, 2007

que não é o que não pode ser que não é


o problema é começar. antes era fácil, antes tinha o fio da meada, uma linha reta, começo, meio, fim, pá-pum. agora é a tal da rede. que eu adoro, amo, mas fico tão fascinada que embasbaco olhando as direções todas e não sei começar. não tem começo, não tem meio, não tem fim. se joga aí e vai, neguim, ou você perde a viagem!

a rede é um monte de nozinhos interligados entre si e não há limites para a quantos nozinhos cada nozinho pode se ligar. ou como disse certa vez uma criança, não me lembro onde li isso, "a rede um monte de buraco costurado junto". ducaralho! :)

imagina um joguinho de computador. você tem que fazer as conexões possíveis. na primeira fase vai lá, devagar, junta um, junta dois, massa, quando junta dois duma vez só cê ganha um bônus e fica felizinho. aí muda de fase. junta mais de um de uma vez, cada vez mais, até juntar vários, as possibilidades só aumentam. e quando junta um já cria coisa nova pra juntar de novo. aí às vezes uma jogadinha boba que você fez, só juntando dois pontinhos, desencadeia uma juntação de coisa que você não sabe pra que lado olha, qual seqüência acompanha, e elas vão juntando, crescendo, juntando e você fica lá feito criança que descobriu que apertando aquele botão a luz acende, sabe?, só fascinado e achando lindo e querendo mostrar pra todo mundo como aquilo é legal, mágico, absurdo, perfeito e cheio de um sentido inexplicável e ao mesmo tempo inescapável!

é isso. estou abobadada no centro do vídeogame, olhando pra todos os lados, achando fantástico. o texto que li pro concurso junta com a discussão que tive com a minha tia que junta com o blog da amanda que junta com o site de lavras novas que já tinha juntado com o outro livro de antes e com um poema que vi ao acaso, que junta com o último trabalho da mamãe, que junta com um spam que eu recebi, que junta com a coleta seletiva, que junta com o fragmento de conversa que eu ouvi no ônibus, que junta com o drible do robinho e com a morte do paulo autran, assim, ao mesmo tempo, tudo ao mesmo tempo, encaixadinho, agora, e tudo isso junta ainda mais com as minhas amizades e meus amores, meus interesses, meu trabalho, minha família, minhas causas, minhas crenças, minha vida...

minha vida. que na real é só mais um pontinho juntando ininterruptamente com mais infinitos pontinhos na grande teia que não tem começo, não tem meio, não tem fim. pula daí e vem, neguim, ou você perde a hora!

terça-feira, outubro 16, 2007

mais lavras novas

(ou "ó só como eu tô podendo")

do portal ouropreto.com.br:

"Lavras Novas ganha site novo e novas parcerias

Lavras Novas conta com site que é a cara do distrito: simples, charmoso, aconchegante e alegre

Nesta semana, a Associação de Desenvolvimento do Turismo em Lavras Novas comemora a criação de seu novo site, o www.lavrasnovas.org.br, e a parceria com o portal ouropreto.com.br. A nova página, criada pela designer Clarice Scotti, celebra um novo momento da associação – uma entidade sem fins lucrativos – em seus quatro anos de fundação, com a adesão de grande parte dos comerciantes locais.

A proposta deste grupo é a de representar tanto os comerciantes, como criar eventos que divulguem o distrito e fazer parcerias para a formação profissional da comunidade. A Fiemg é um desses parceiros e, nesta semana, acontece um curso de informática – totalmente gratuito para a população – em uma unidade móvel, assim como a unidade da Cozinha Brasil, que esteve no distrito na semana passada, fazendo parte da programação do evento Safras Novas.

Lavras Novas é distrito de Ouro Preto e a parceria com o site ouropreto.com.br reforça a crença da associação na importância desta inter-relação.

Não deixe de conferir: www.lavrasnovas.org.br"

obs:
para conhecer outros trabalhos dessa brilhante designer (hohoho), clique aqui ou no link "meu portfolio" na coluna aí do lado. ;-)

lavras novas


a casa do papai é essa casinha cor de goiaba. bem gostosinha, eu acho. principalmente quando tá sol. ;-)

vista da janela. eu queria mesmo era pegar o bem-te-vi que tava todo serelepe nessa arvrinha aí em frente, mas como nota-se pela sua inclinação a la regina duarte, bateu um vento bem na hora que eu cliquei e ele voou... procurando bem, mas bem mesmo, dá pra ver a igreja de nossa senhora dos prazeres lá do outro lado da cidade.

essa pedra fica presa no chão por espaço minúsculo, parece que se a gente soprar ela vai sair rolando, é impressionante! não tinha luz pra fotografar essa parte, mas o efeitinho contra o sol também ficou lindo, né?

quinta-feira, outubro 11, 2007

festival safras novas


então, hoje à tarde eu vou pra lavras novas. não rola de passar o feriadão pq tenho que estudar e retomar um free-la, então volto amanhã. pena, nesse feriado lá rola mais uma edição do festival safras novas, com diversas atrações culturais e gastronômicas. hoje à noite será o lançamento oficial do site da associação pelo desenvolvimento do turismo em lavras novas, com novo [e lindo, eheheheh] layout, desenvolvido por mim... ;-)

mas pra quem puder, fica a dica, é uma boa pedida de programa diferente, perto e relativamente barato.

(ah sim, eu ainda tenho que ir trabalhar de manhã, mas o bombeiro tá levando uma goleada da descarga lá dentro...)

entrando pelo cano

quando o próprio bombeiro que está arrumando a sua descarga olha com cara de incredulidade e fala "estranho, né?" é preocupante. desde que ele limpou a caixa d'água no sábado, tudo voltou ao normal, menos essa descarga. diz ele que é plástico que entrou pelo cano. fiquei imaginando com foi parar tanto plástico lá em cima da caixa d'água e ele disse que o último que fez a limpeza usou sacolinhas para vedar os canos. ainda concluiu: "não pode, por isso que eu só uso pano!"

como assim??? estamos em 2007, o homem já conquistou o espaço, clonou animais, desenvolveu microchips que fazem de tudo e não existe uma tecnologia capaz de projetar uma ROLHA própria para vedar a caixa d'água na hora da limpeza??? tô passada.

terça-feira, outubro 09, 2007

freud, explica?

às vezes eu queria entender por que meu pára-raio de doido sintoniza tudo que passa pela frente ao mesmo tempo! não pode vir um de cada vez? ia ser tão mais fácil tentar ter paciência...

quinta-feira, outubro 04, 2007

quem quiser gostar de mim, eu sou assim.

eu chego no serviço e dou bom dia com um sorriso para todo mundo - todo mundo - até chegar na minha mesa. cumprimento o porteiro, a recepcionista, a ascensorista, quem quer que esteja subindo no elevador comigo, meus colegas de andar e de sala. bom dia com um sorriso.

eu aceito fazer favores que não são da minha alçada se não me custar nada. às vezes, aceito até se me custar um pouco, mas não for tanto assim perto do que custaria pra quem me pede e a pessoa realmente precisa. se eu souber fazer e tiver tempo e infra-estrutura necessárias, faço com boa vontade e capricho, pq não é pq não é pra mim que eu vou fazer nas coxas.

se você me pedir com educação e eu puder, eu posso até ir buscar café pra você ou levar coisas no xerox ou ficar dobrando correspondência ou passar um pano úmido lá no alto da prateleira que ninguém alcança. se você me pedir com educação, eu posso, seja você a faxineira ou o big boss do pedaço, ande você de ônibus ou de toyota, seja você alfabetizado ou não, e tenha você a cor, o peso, a religião, o time ou a preferência sexual que tiver.

mas, felizmente, eu aprendi a enxergar o limite entre ser prestativa e ser otária. da mesma forma que eu não faço distinção pra tratar bem quem me trata bem, também não faço pra devolver grosseria. meu ouvido não é penico, eu não sou a madre tereza, não sou adivinha e não sou capacho. então, meu filho, seja você a faxineira ou o big boss do pedaço, se você for estúpido comigo, vai levar de volta. às vezes eu nem quero, mas quando eu vi já foi. e foi bem feito, não arrependo.

talvez eu ainda perca um emprego um dia por causa disso, mas se isso acontecer vai ter gente perdendo mais que eu. porque eu sei que posso ser estourada, mas sou competente, responsável e sempre tento ser justa.

só não vem encher o raio do meu saco de graça não, caralho! custa ao menos fingir que é civilizado e aprendeu o conceito de respeito?

quarta-feira, outubro 03, 2007

tá nervoso, vai pescar!

"Olha. Eu sou a pessoa menos adequada para falar desse assunto, até porque desconheço, não tem qualquer relação comigo. Não tenho a falar com isso, você vai encontrar outras pessoas mais qualificadas para falar sobre isso, querida. Eu fui governador em 2002 e 2006 e por estas campanhas eu respondo."

(Aécio Neves, em tom ríspido, ao ser questionado por jornalistas se teme que a investigação do tucanoduto mineiro respingue em sua carreira.)

Leia mais aqui.

terça-feira, outubro 02, 2007

ãrran...

"Não acho que o autor tenha pensado em mim. Não tenho nada a ver com a personagem. Trabalhei dez anos na TV Globo. Tenho uma história totalmente diferente [de Bebel]"

(Mônica Veloso, jornalista, mãe da filha de Renan Calheiros e capa da próxima "Playboy")

me engana que eu gosto. quem ganha a pensão que essa dona ganha e ainda aproveita a fama momentânea de uma crise política pra faturar mais algum posando pelada, não pode ser tão ingênua assim. nem pra achar que o autor não pensou nela, nem pra achar que trabalhar 10 anos na tv globo é "totalmente diferente" da história da bebel... pfff...

segunda-feira, outubro 01, 2007

Depoimento ao NA - Noveleiros Anônimos

- Meu nome é Clarice...
- Boa noooooite, Clariiiice!!!
- Eu nunca me esqueci da minha primeira novela das oito, Roque Santeiro. Foi a primeira vez que pude ficar acordada depois que o Cid Moreira deu boa noite. O Cid Moreira já está embalsamado há décadas e só agora eu tive coragem de virar essa página. Não vou dizer que eu assisti de cabo a rabo todas as novelas das oito que passaram, mesmo porque tem coisas que a Glória Pérez escreve que nem uma dependente como eu podia suportar. Sim, eu reconheço minha dependência. Eu comprei um vídeo-cassete quando todo mundo comprava aparelhos de DVD, só porque aparelhos de DVD não podiam gravar novela. (...) Desde sexta-feira, quando acabou o último capítulo de Paraíso Tropical, eu decidi que era hora de parar! Hoje... hoje, pela primeira vez em tantos anos, eu resolvi ser mais forte. Eu sou mais forte... Eu sou... Desprogramei o vídeo. Não liguei a TV. Enquanto eu dou este depoimento, está passando o... o... o primeiro capítulo da nova novela das oito!!! (primeiro capítulo...) Mas eu decidi mudar! Eu decidi não assistir! Eu... Eu olho pro relógio e... e penso que ainda dá pra pegar o finzinho... Mas eu sei que pegar só o finzinho é o fundo do poço, é catar guimba de cigarro na rua, beber resto de pinga largada em mesa de bar, eu não posso me permitir tanta degradação! (...) Eu vou ser mais forte. Eu sou mais forte... Meu nome é Clarice. Eu sou uma dependente. Estou a 72h sem assistir a nenhum capítulo de novela e hoje, só hoje, eu consegui. Um dia de cada vez. E eu vou conseguir. (...)

domingo, setembro 30, 2007

ora (direis) ouvir estrelas!



"ora (direis) ouvir estrelas! certo
perdeste o senso!" e eu vos direi, no entanto,
que, para ouvi-las, muita vez desperto
e abro as janelas, pálido de espanto...

e conversamos toda a noite, enquanto
a via láctea, como um pálio aberto,
cintila. e, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
inda as procuro pelo céu deserto.

direis agora: "tresloucado amigo!
que conversas com elas? que sentido
tem o que dizem, quando estão contigo?"

e eu vos direi: "amai para entendê-las!
pois só quem ama pode ter ouvido
capaz de ouvir e de entender estrelas."

(olavo bilac)

[para o meu poeta maior, que há exatamente um mês parou de ouvir estrelas e se tornou uma delas.]

segunda-feira, setembro 24, 2007

para visitar com calma



Versão on-line da revista "O Cruzeiro", com diversas edições e seus artigos, capas, charges, propagandas, editoriais, curiosidades, etc. Tudo disposto como se fosse uma revista digital mesmo, muito bacana!

domingo, setembro 23, 2007

Movimento dos Sem-Mídia

Que sociedade é essa em que alguns homens e mulheres perdem sempre, no que toca o embate de idéias sobre as grandes questões nacionais, sobre os rumos que o país deve tomar ou manter? É uma sociedade em que sempre perdi sem nem poder lutar. Uma sociedade em que a derrota já vige antes da peleja. Uma sociedade em que os poderosos barões da mídia debatem sem antagonista.

Em dado momento, refletindo sobre o esmagamento das divergências, sobre a fabricação dos consensos midiáticos no que tange a política, a economia, os costumes, o entretenimento, veio-me à mente uma imagem, a imagem de brasileiros e brasileiras que, cansados de vegetar à beira das estradas, cansados de não poderem exercer sua vocação ancestral para a agricultura por falta de terra, resolveram não mais se conformar com a condição de sem-terra num país em que ela há em profusão e não pode ser semeada porque constitui reserva de valor de latifundiários. Estes cidadãos não têm terra, e cidadãos como eu, cheios de idéias e opiniões legítimas, não temos espaço, nos latifúndios midiáticos, para semearmos nossos pontos de vista. Somos, pois, sem-mídia.


Esse é um trecho do artigo escrito pelo Eduardo Guimarães sobre como nasceu o Movimento dos Sem-Mídia - MSM, idealizado por ele, que começou a se concretizar no último dia 15 de setembro, quando mais de 100 pessoas se concentraram na porta do jornal Folha de São Paulo, onde entregaram (e protocolaram) uma cópia do Manifesto do Movimento.

Veja a seguir a reportagem do Conversa Afiada, de Paulo Henrique Amorim, sobre a manifestação:



Apesar da óbvia falta de divulgação pelos grandes meios de comunicação, a iniciativa recebeu tantas mensagens de apoio que acabou sendo o pontapé inicial para a legalização do Movimento. Estão sendo cadastrados e-mails de simpatizantes e organizada uma assembléia, para se definir um estatuto e as melhores estratégias de ação. Enfim, a história completa, detalhada e atualizada é grande, e você pode ler lá no blog do Eduardo. (Sugiro voltar nos arquivos até as vésperas do dia 15, quando houve a manifestação.)

Ao contrário de que possa parecer a muitos - principalmente se/quando os "com-mídia" resolverem se manifestar sobre o MSM - o Movimento luta "por um jornalismo limpo, plural, fidedigno, apartidário e desideologizado." O grifo é meu.

Eu, Clarice, tenho minha posição política e minha ideologia, e elas são muito claras em dois de meus blogs, o Votolula e o Fora, Aécio!. Por elas, eu luto neles. Mas não são elas as principais razões para eu assinar e divulgar esse Movimento. Eu, como cidadã, acredito que o acesso a informações isentas e completas é fundamental para o fortalecimento da democracia em sua essência, ou seja, da soberania do POVO, e não de poucos que se apropriam de sua voz.

E você?

(eu sei, post igual nos três blogs. considerei esse assunto sério o bastante para merecer essa distinção)