quinta-feira, janeiro 31, 2008

42

– clarice, preciso que você faça 42 cópias deste cd aqui, tá? pra hoje. e faz capinhas bonitinhas pq é pra distribuir.

quarenta e duas.
cópias.
de cd.

pela altura da pilha dos virgens aqui do lado falltam só uns 15, e eu ainda tenho que levantar as mãos pro céu porque o conteúdo dele tem pouco mais de 1Mb.

tô me sentindo o chaplin no "tempos modernos"...

quarta-feira, janeiro 30, 2008

até que demorou...

acabo de receber o telefonema de uma firma de advocacia solicitando
gentilmente a retirada de um comentário neste post do meu blog fora, aécio! o comentário fazia acusações contra uma empresa cliente deles e, como ainda por cima era anônimo, aceitei sem discutir. mas deixei lá um aviso de que o comentário que estava ali antes tinha sido removido a pedido de uma empresa citada. e só.

será que um dia eu vou receber telefonema de donandréa? exconjuro!

segunda-feira, janeiro 28, 2008

Nobel para Boal

Do site da CartaCapital:

"Acostumado a figurar no rol dos grandes criadores do teatro, o nome de Augusto Boal foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz, ao lado de personalidades da importância de Mikhail Gorbachev e Nelson Mandela. O diretor teatral é indicado pelo trabalho no Teatro do Oprimido, metodologia criada nos anos 60 que mistura arte com ação social. Até a quinta-feira 31, o comitê norueguês receberá manifestações e cartas de apoio à candidatura. Depois disso, vai se reunir para analisá-las e escolher os nomes oficiais de 2008. O anúncio do prêmio, jamais ganho por um brasileiro, acontecerá em outubro.

Sob o lema aprende quem ensina, a presença de Boal extrapola os palcos brasileiros. Sua teoria, que une dramaturgia, grupos populares e direitos humanos, está presente em mais de 70 países. No Brasil, à frente do Centro de Teatro do Oprimido (CTO), no Rio de Janeiro, ele realiza trabalhos em escolas municipais e presídios. Os participantes brincam com figurinos, criam poesias e fazem debates com políticos e historiadores. Dada a acirrada concorrência, as chances de o prêmio vir para o Brasil são poucas. Mas a indicação é um reconhecimento desse longo e louvável trabalho." (Ana Luísa Vieira)

para quem quiser mandar sua carta de apoio à candidatura de Augusto Boal, o endereço é:

The Norwegian Nobel Committee
Henrik Ibsens gate 51
NO-0255 OSLO - Norway

como muito bem diz o meu amigo pirata, "ganhando ou perdendo, Boal e seu trabalho não se tornarão maiores, tampouco menores, e não é isso que está em questão. a questão é: pouco importa a decisão dos jurados; importa, mesmo, é o nosso apoio a qualquer um, de qualquer parte do mundo, que se preste à libertação da espécie de toda e qualquer garra do phoder, o que Boal tem feito há décadas com seu Teatro do Oprimido - e, circunstancialmente, ele ainda é brasileiro, o que torna nossa torcida ainda mais gostosa."

falou e disse! :-)

notícias de uma guerra particular

neste fim de semana eu assisti o documentário "notícias de uma guerra particular", sobre o tráfico de drogas no rio. o filme traz depoimentos de polícia, traficantes e moradores, e apesar de já ter alguns anos, parece que bombou recentemente de novo com essa febre de "capitão nascimento".

o filme é ótimo, pega no estômago em vários pontos e não se limita a mostrar apenas um aspecto e uma conveniente e supostamente fácil solução do problema, pelo contrário, mostra que o troço é tão complexo que realmente não há muita esperança.

dentre vários depoimentos interessantes, destaco uma das falas do chefe de polícia, que me chamou atenção quando ouvi, e mais ainda ao fim do filme, quando um letreiro informa que ele deixou o cargo pouco tempo depois das filmagens. escrevo de memória, mas ele diz mais ou menos:

"uma vez fui designado pra trabalhar em uma cidade pequena, no interior, que estava começando a ter problemas com a violência. nos primeiros meses foi ótimo, todo mundo gostava da gente. até um dia que o segurança de um supermercado deu um safanão num moleque que foi pego roubando e os dois foram autuados. a sociedade ficou revoltada! – 'mas o pivete é ladrão!', diziam, e a gente tinha que explicar: 'não importa, ele errou, mas agredir o infrator também é errado.' e autuamos os dois. a partir daí já começaram a nos olhar torto. quando um grande fazendeiro assassinou o caseiro e foi autuado também, minha equipe se foi completamente hostilizada pela cidade. ora, a lei é pra todo mundo! aí eu me pergunto: quem brada que quer uma polícia não corrupta consegue conviver com ela? está pronto para andar sempre dentro da lei e não tentar aliviar uma multa de trânsito, não dirigir bêbado, não arrumar esquema pra fugir do exército, não sonegar impostos, etc? a sociedade também é corrupta, a polícia no brasil, infelizmente, foi feita pra ser corrupta, porque ela não é pra proteger todo mundo, ela é pra proteger os ricos."

pausa para o mea culpa, nesse momento engolir ficou um pouquinho mais difícil. claro que ele não disse nenhuma novidade, mas é raro ouvir a verdade assim na lata. e olha que eu não sou rica e ainda eu me considero parte da minoria que ao menos tenta fazer tudo direito – se não dentro da lei, pelo menos dentro de certos princípios éticos ou morais, mas atire a primeira pedra aquele que nunca saiu da linha e tentou dar um jeitinho pra se safar.

conclusão: putz, que merda!

enfim, já que o grande mérito do rambo tropical foi trazer à tona o debate sobre o angu de caroço que virou a questão do tráfico e da violência, esse documentário é uma boa oportunidade de trazer o foco da discussão para o mundo real. eu recomendo.

terça-feira, janeiro 22, 2008

Liberdade para o quê?

Liberdade não consiste em escolher nas prateleiras do supermercado

QUANDO JANTO fora, prefiro os restaurantes onde sou um cliente conhecido, porque, em princípio, eles aceitam com um sorriso meu comportamento, que é um pouco atípico: não gosto de ler o cardápio, peço o prato do qual estou a fim naquela noite, que ele esteja ou não no menu. Caso a cozinha não disponha dos ingredientes necessários, o maître e eu imaginamos um compromisso próximo de meus desejos.

Nota: às vezes os que lêem o cardápio do começo ao fim, à força de hesitar entre massas, risoto, carne ou peixe, acabam se entupindo de pão e couvert - e assim perdem o apetite.

Pensei nisso ao reler "O Paradoxo da Escolha, Por que Mais é Menos", de Barry Schwartz, recentemente traduzido em português (ed. Girafa). Schwartz constata, com razão, que a multiplicação das possibilidades de escolha (que é própria da sociedade de consumo) constitui, de fato, um fardo.

Exemplo: queremos comprar uma calça jeans e descobrimos que existem infinitos cortes, desbotamentos, preços etc. Ótimo, somos LIVRES PARA escolher entre centenas de jeans. Mas, de repente, eis que NÃO somos LIVRES DE uma tarefa, no fundo, fútil: a de encontrar a calça que nos veste melhor na perfeita relação custo/benefício.

Na hora de escolher um carro, uma faculdade, uma profissão, um país ou uma cidade em que morar, as escolhas possíveis são, hoje, incontáveis. Portanto seríamos mais livres, não é? Pode ser. Em compensação, temos a trabalhosa (e, às vezes, desanimadora) incumbência de escolher.

Schwartz opõe dois tipos subjetivos: os "maximizadores" e "os que se contentam com algo suficientemente bom". Os maximizadores querem absolutamente fazer a escolha certa; os outros sabem se satisfazer sem ter que alcançar a certeza de que fizeram o melhor negócio.

Ora, constata Schwartz com razão, o maximizador não é nunca feliz: ele é corroído pelo remorso e pela dúvida (será que examinou efetivamente todas as possibilidades?).

Schwartz chega a imaginar que a epidemia de depressão das últimas décadas tenha uma relação com a multiplicação das escolhas possíveis e, portanto, com a insatisfação crônica de nosso lado maximizador. Obviamente, os que sabem se satisfazer vivem melhor. Conclusão de Schwartz: o excesso de liberdade nem sempre é bom.

Tudo bem. Mas vamos aplicar a visão de Schwartz ao campo amoroso. É claro que, se a tradição nos obrigasse a nos casar com a moça escolhida pelos anciões de nossa aldeia, a vida amorosa seria mais fácil. A liberdade para se juntar com quem quisermos é, de fato, uma complicação: para ter a certeza de que Fulano é meu homem fatal, com quantos Sicranos deverei compará-lo?

Por outro lado, se adotarmos a sabedoria dos que sabem se contentar com o que lhes agrada, nossos parceiros e parceiras não vão gostar.

Em geral, preferimos ser amados por quem acha que somos a melhor escolha possível, em absoluto.

Ou seja, na vida amorosa, os maximizadores sofreriam como sempre, enquanto os que "se contentam" seriam detestados por parceiros e parceiras. Como fica? Pois é, talvez a vida amorosa seja um bom exemplo para descobrir os limites das idéias de Schwartz, porque, nela, a liberdade certamente não consiste em poder escolher o amado numa lista de pretendentes. Amar tem mais a ver com "encontrar" do que com "escolher".

O livro de Schwartz é ótimo e divertido sem contar que pode ajudar todas as pessoas que se inibem diante da multiplicidade dos possíveis. Mas Schwartz parte de um pressuposto, que está implícito desde seu primeiro exemplo (o dos jeans): ele considera a pluralidade das escolhas possíveis como o índice da liberdade. Quando constata que essa liberdade é fonte de tormentos, ele conclui que talvez seja melhor sermos menos livres e mais felizes.

Ora, a visão que Schwartz tem da liberdade é parasitada pelo próprio modelo do consumo, cujos impasses ele castiga.

Ser livre não significa poder escolher entre os objetos disponíveis nas prateleiras do supermercado; ser livre significa saber criar o que queremos e encontrá-lo, mesmo e sobretudo quando não está em lista alguma de liquidações e promoções. Certo, o mal-estar do maximizador é uma patologia da liberdade de escolha. Mas a liberdade de escolher entre as ofertas que estão nos cardápios é, por sua vez, uma deformação da verdadeira liberdade - a de inventar.

--

(texto do psicanalista Contardo Calligaris, que recebi por email, gostei e escolhi publicar. fiquei curiosa pra ler o livro, mas acho que ainda preciso aprender a escolher menos afazeres, para que caibam no meu dia...)

sábado, janeiro 05, 2008

mercado de pulgas

ele voltou, o boêmio voltou novamente!
have fun!
:-)

sexta-feira, janeiro 04, 2008

na padaria

nem tava tão cheio assim, mas só dois caixas abertos, o que dava uma filinha de 2 ou 3 pessoas em cada. uma dona começa um verdadeiro escândalo, pergunta pelo gerente, sai andando feito barata tonta pra lá e pra cá, aborda todos os funcionários exigindo que abram mais caixas, e brada que compra lá há anos, que já deu muito dinheiro para aquela padaria e que não admite ser tratada com tanta falta de respeito, e toda hora pergunta de novo se não tem gerente no lugar. muito desagradável. obviamente o gerente estava na gerência e ainda não tinha dado tempo de um funcionário se teletransportar pra lá e voltar com o procurado na urgência que a dona exigia.

– escuta aqui, minha senhora, hoje é dia 4 de janeiro, eu entendo que a senhora tem toda razão em suas queixas, mas precisa expressar dessa forma? de que adianta a senhora distribuir mil votos de muita paz em 2008 se a senhora mesma causa tanto tumulto por causa de uma fila que nem está tão grande assim? e mesmo que estivesse, a senhora não acha que seria muito melhor atendida se procurasse pelo gerente discreta e educadamente e lhe expusesse a questão, pedindo providências com o mesmo respeito que deseja receber?

não, não foi o gerente nem ninguém lá que falou isso pra ela. fui eu, mas infelizmente, só na minha cabeça, pq não tive coragem para abordá-la de fato (talvez tenha sido uma intervenção de meu anjo da guarda também, sei lá). mas não pude conter um risisnho quando, alguns minutos depois, e bem longe da dona, ouvi duas velhinhas cochichando, agora sim, de verdade:

– ah, menina, aposto que ela não rezou antes de sair! é por isso que eu não saio nunca de casa sem rezar antes, olha só, que horror...

:-)

quinta-feira, janeiro 03, 2008

os quatro compromissos

1. seja impecável com a sua palavra.
a palavra tem um grande poder, que deve sempre ser usado na direção da verdade e do amor. use-a com integridade e evite usá-la contra você mesmo ou sobre os outros. cumpra sempre suas promessas e assuma sem culpas a responsabilidade por seus atos e escolhas.

2. não leve nada para o lado pessoal.
os outros não fazem nada por sua causa, o que eles dizem e fazem é projeção de sua própria realidade, do seu próprio sonho. cada um vive num mundo diferente, e não podemos presumir que os outros conheçam o nosso mundo. mantenha-se imune às opiniões e ações alheias, evitando assim ser vítima de sofrimentos desnecessários.

3. não tire conclusões.
seja corajoso e pergunte aquilo que realmente deseja saber. comunique-se o mais claramente possível e evitará mal entendidos, tristeza e drama.

4. dê sempre o melhor de si.
evite autojulgamento, arrependimento e culpas. seu melhor pode mudar de momento a momento, de acordo com as circunstâncias, mas quando você faz sempre o seu melhor, pode dormir com a consciência tranqüila. é a ação que faz a diferença.

(ensinamentos fundamentais da tradicional sabedoria tolteca para a conquista da verdadeira liberdade pessoal, por don miguel ruiz, cirurgião e estudioso mexicano de ascendência tolteca)

minha resolução para 2008 é tentar manter isso sempre em mente. pode parecer simples, mas se fosse o mundo estaria bem melhor!